Na dianteira desta 3ª vaga que se está a iniciar na Europa, encontram-se a Espanha (Rt=1.10), a Irlanda (Rt=1.12), o Reno Unido (Rt=1.10), a Holanda (Rt=1.14), a Alemanha (Rt=1.08) e a Rep. Checa (Rt=1.10).
Após um efectivo controlo da 2ª vaga, com a excepção da Alemanha, aliviaram as medidas de confinamento total, e após algum desconfinamento para prepararem o Natal, estes países europeus iniciaram nova tendência de aumento da incidência, definindo claramente a sua 3ª vaga da epidemia Covid-19.
À medida que nos aproximamos da época natalícia e final do ano, é de esperar que outros países lhe sigam o exemplo, tal como nós, que não estamos imunes a essa situação de agravamento da situação epidemiológica.
Actualmente, o nosso país entrou numa espécie de planalto, uma estabilização de valores médios de novos casos na ordem dos 3700-3900. Dado que os preparativos para o Natal, a azáfama das compras, o regresso de emigrantes a visitar a família, a tradicional viagem à terra para visitar pais, irmãos, tios e primos, estão já em franco andamento, a probabilidade de sairmos deste actual planalto e entrarmos numa nova vaga de novos casos é cada vez mais eminente.
Dado que o nº de óbitos está elevado, os internamentos, embora em ligeira redução, estão ainda muito elevados, próximos dos valores máximos alcançados há 15 dias, um aumento súbito da incidência irá com toda a certeza agravar esses números. De lembrar que a diminuição dos internamentos apenas se está a verificar na região Norte, LVT continua num aumento contínuo e o centro em números estabilizados nos valores máximos. De igual modo, a diminuição de óbitos apenas se está a verificar no Norte, tendo estado a aumentar na região Centro e em LVT.
Sejamos todos responsáveis, sejamos todos agentes de saúde pública. Para além de cuidar de nós, devemos sobretudo, cuidar dos nossos entes queridos mais vulneráveis.
Texto:
Carlos Antunes
Professor de Engenharia Geográfica e Geoespacial da Faculdade de Ciências Universidade de Lisboa