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A atividade do Teatrão fora de casa

Enquanto o confinamento continua, o Teatrão mantém-se ativo em várias frentes.

“As últimas semanas, longe da Oficina Municipal do Teatro, têm sido preenchidas com o reagendamento da programação suspensa e o redesenhar da nova temporada face às circunstâncias”, revela o Teatrão em nota de imprensa.

O projeto De Portas Abertas, que em junho ia levar a cidade de Coimbra até à zona do Vale da Arregaça, será adiado para setembro – acrescendo agora uma vontade maior de sair para a rua, de construir uma Casa Fora de Casa, a metáfora escolhida pela companhia para 2020. Por isso o trabalho continua, com a leitura dos primeiros esboços em sessões virtuais com a ampla equipa que irá incluir, para além dos alunos do Serviço Educativo do Teatrão, os habitantes e trabalhadores da Arregaça, e os alunos do curso de jazz do Conservatório de Música de Coimbra.
Mas existem outros sinais desta (boa) inquietação. Noutra frente, a do Serviço Educativo, nasce uma oficina de escrita teatral orientada pelo dramaturgo e professor Jorge Louraço Figueira. Dividida em duas fases, a oficina arranca ainda este mês num formato online. Destinada a profissionais e estudantes de artes performativas, a formação é uma reação artística e criativa às circunstâncias do momento e uma resposta à necessidade de inscrever esta experiência no tempo presente.
O minicurso, como Jorge Louraço resume, decorrerá ao longo de oito sessões, divididas em duas etapas com alguns objetivos fundamentais. Conhecer os conceitos básicos da escrita para teatro, esboçar e desenvolver um texto dramático a partir de um tema e compor uma cena teatral a partir de uma contradição, por exemplo, são alguns dos pontos-chave apontados pelo dramaturgo de À Espera de Beckett ou Quaquaquaqua e coordenador da pós-graduação em Dramaturgia da ESMAE.“O que fazer dentro de casa” é o tema que abre as portas desta oficina virtual e o ponto de partida para algumas das questões que poderão ser trabalhadas ao longo da formação. As ramificações são várias, desde disputa política a desigualdade económica, justiça social ou discriminação cultural.

Na primeira fase, que arranca ainda este mês, o trabalho divide-se entre o online e o offline. Aos participantes serão pedidos exercícios, a enviar antes de cada sessão, que serão discutidos e acompanhados ao longo desta etapa. No final, cada um dos dez participantes terá a oportunidade de apresentar o trabalho produzido nos dias anteriores.

Como o título da oficina esclarece, os conteúdos programáticos desta formação teórico-prática irão trabalhar a escrita de anti-cenas, “de modo a fazer os alunos escreverem sempre outra coisa, além das propostas iniciais”, explica Louraço Figueira. Já sobre os exercícios de imaginação, o autor de Xmas Qdo Kiseres, que já foi dramaturgo residente no Teatrão, traduz: “Trabalharemos a partir dos dispositivos comuns de espetacularidade, quer sejam mais toscos quer mais sofisticados, que organizam a experiência social.”

O segundo momento desta oficina está previsto para julho, em formato presencial na Oficina Municipal do Teatro, Coimbra. Nesta fase os formandos irão dar continuidade ao processo iniciado em abril, apresentando textos mais maduros que serão lidos e experimentados cenicamente, colocando-se também a possibilidade de serem posteriormente publicados.

Sobre o valor da inscrição, bastante mais baixo do que outros para o mesmo género de formações, o Teatrão brinca: “são preços de crise”, avançando que ainda assim oferece facilidades de pagamento aos inscritos. Noutras palavras, pagamentos faseados que possam acomodar as possibilidades de quem queira participar.