O primeiro-ministro demissionário fez esta noite uma declaração ao país com respostas também aos jornalistas de cerca de 40 minutos.
António Costa começou por pedir desculpas por causa da descoberta dos 75 mil euros em notas no escritório do seu chefe de gabinete.”Fomos surpreendidos esta semana por um processo judicial com suspeitas muito graves. Não posso deixar de partilhar que a apreensão de envelopes com dinheiro no gabinete de uma pessoa que escolhi trabalhar, envergonha-me e peço desculpa aos portugueses”, afirmou.
“Cabe às autoridades investigar e punir se for o caso. Respeito e confio na justiça e todos os organismos da administração central, qualquer membro do Governo a começar por mim próprio daremos às autoridades judiciárias toda a colaboração necessária”, disse.
Adiantando em seguida que governos têm o dever de trabalhar na “atração de investimento estrangeiro” e relembra que “há regras especiais a projetos de interesse nacional tem de acontecer com transparência”. No entanto, considerou que esses investimentos “nunca podem resultar de mera decisão arbitrária de qualquer membro do Governo”.
“A razão pela qual decidi fazer esta comunicação hoje foi porque ao ver o noticiário, fui verificando que se pressupunha uma ideia muito perigosa de que os governantes não devem agir para atrair investimentos, para resolver problemas, para simplificar procedimentos burocráticos, e acho que essas ideias são perigosas”, frisou.
Quanto a Lacerda Machado, que tem tempos considerou como o seu “melhor amigo”, salientou que há muito tempo que ele não colabora com São Bento e que “não tinha qualquer mandato da minha parte para fazer o que quer que seja neste caso, nunca falou comigo sobre este assunto em circunstância alguma e apesar de, num momento de infelicidade, eu ter dito que ele era o meu melhor amigo, a realidade é que um PM não tem amigos. E quanto mais tempo exerce, menos amigos tem. Em qualquer dos casos, o que quer que ele tenha feito neste processo, nunca o fez com a minha autorização, conhecimento e interferência e nunca falou comigo sobre este assunto”.
“Com a duração deste processo judicial, com grande probabilidade não exercerei nunca mais qualquer cargo público”, referiu sobre a investigação de que é alvo pelo Ministério Público.