O CEARTE – Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património foi o anfitrião de um evento internacional, pioneiro em Portugal, que ocorreu no final de junho. O evento contou com participantes portuguesas que falaram sobre o seu percursos no artesanato e dos desafios que enfrentam enquanto artesãs.
«Felizmente estamos a deslocar-nos da ideia de que artesanato era o que as nossas avós faziam na terrinha delas para uso próprio e começamos a conjugar cada vez mais o caráter utilitário com a arte»
O Crafting Business é um projeto Europeu desenvolvido pelo World Crafts Council Europe que pretende prestar apoio no desenvolvimento de negócios no setor criativo, em particular, do artesanato. Partindo do espírito criativo dos empreendedores e através de workshops dinâmicos, interativos e práticos e com o acompanhamento de consultores especializados, o projeto pretende desenvolver as competências de gestão, marketing, comercialização e outras que contribuirão para a criação, desenvolvimento e sustentabilidade dos negócios e facilitarão o acesso aos mercados nacionais e internacionais.
No decorrer do evento internacional de artesanato organizado pelo CEARTE no final do mês de junho, Célia Macedo, Catarina Fernandes, Conceição Pires e Helena Imaginário, artesãs que participaram no projeto e a sua tutora Adriana Fernandes, falaram sobre a progressão do setor do artesanato em Portugal.
«Há muitos projetos com muito valor e que são promovidos, alguns individualmente, outros apoiados por entidades, mas em termos de comunicação e divulgação há muito a fazer. Depois há apoios que todos nós precisamos e que passam, obviamente, por apoios financeiros e de desenvolvimento do produto e do projeto», afirmou uma das artesãs ao abordar os principais desafios que o artesanato tem enfrentado em Portugal.
Para além dos apoios financeiros, referem também que a utilização dos termos “artesanato” e “artesão” ainda carregam consigo uma conotação negativa que tem vindo a ser trabalhada para que seja dado mais valor e reconhecimento a esta profissão e aos seus produtos, afirmando: «Felizmente estamos a deslocar-nos da ideia de que artesanato era o que as nossas avós faziam na terrinha delas para uso próprio e começamos a conjugar cada vez mais o caráter utilitário com a arte».
No que diz respeito às soluções, é consensual entre todos os artesãos que é necessário investir e introduzir a temática do artesanato na educação desde a infância e sensibilizar os mais jovens para a importância desta arte que carrega consigo tanta tradição e que faz parte da nossa cultura.
Apesar de ser um setor que ainda tem um longo caminho a percorrer no que diz respeito à sua valorização e divulgação, as artesãs ressaltaram a sua grande paixão pelo artesanato e afirmam que têm vindo a ser feitos progressos e que, com a ajuda de todos, esta arte será cada vez mais reconhecida.