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Bastonário lamenta que DGS ignore evidência científica e continue a não vacinar quem já teve Covid-19

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos

O Bastonário da Ordem dos Médicos lamenta que DGS ignore evidência científica e continue a não vacinar quem já teve Covid-19.

“Não é só a Ordem dos Médicos que o diz. A evidência científica disponível é cada vez maior e aponta para um risco real de reinfeção de quem já teve Covid-19, tanto nas formas mais ligeiras como mais graves da doença”, adianta hoje a Ordem em comunicado.

Lembrando que a duração da imunidade é “também imprevisível, saindo reforçada a ideia de que quem já teve infeção por SARS-CoV-2 deve na mesma ser incluído nos planos de vacinação, sobretudo em casos de maior exposição ao risco, como acontece com os médicos e outros profissionais de saúde, e em casos de maior fragilidade, como acontece com as pessoas mais idosas”.

“A Ordem dos Médicos já fez várias insistências junto da Direção-Geral da Saúde e apelos no sentido de podermos vacinar os profissionais de saúde e as pessoas mais frágeis, que já tiveram Covid-19. Sabemos hoje que infelizmente a doença não dá a proteção que gostaríamos e, existindo uma vacina, não é admissível que continuemos a exigir que as pessoas trabalhem na linha da frente sem estarem devidamente imunizadas”, alerta o bastonário da Ordem dos Médicos.

“A evidência científica vai no sentido de vacinar, com uma ou duas doses, consoante os casos, as pessoas que já estiveram doentes. Custa-me perceber a resistência da Direção-Geral da Saúde em alterar uma norma obsoleta e, sobretudo, muito injusta. Só Portugal e a Islândia estão nesta situação”, reforça Miguel Guimarães.

Recorde-se que a revista Lancet acaba de publicar um estudo que concluiu que, apesar de a infeção dar alguma proteção contra reinfeção em jovens adultos, a verdade é que não os imuniza na totalidade, sendo necessária a vacina contra a Covid-19 para aumentar a resposta imunitária.

O estudo resultou da observação de mais de 3000 elementos saudáveis dos fuzileiros dos Estados Unidos da América, a maioria com idades entre os 18 e os 20 anos, entre novembro de 2020. Da análise feita durante esse período, cerca de 10% dos fuzileiros anteriormente infetados com o novo coronavírus foram reinfectados.

Também o Painel Serológico Longitudinal Covid-19 concluiu que só 13% dos portugueses teriam em março anticorpos após a infeção natural, com o coordenador do trabalho, citado pela Lusa, a salientar que “a vacinação é a única via em tempo útil para se atingir a imunidade de grupo”.