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BLC 3 apresentou nos últimos dois anos projetos de investimentos superiores a 200 milhões de euros

Ao longo dos últimos dois anos, com base num pacote de tecnologias desenvolvidas e cooperações, a BLC3 (centro de tecnológico e de inovação, sedeado em Oliveira do Hospital) apresentou um conjunto de projetos de investimentos complementares para a industrialização de tecnologias num valor superior a 200 milhões de euros ligados à Bioeconomia e Economia Circular, anuncia.

São um “conjunto de projetos em cooperação com entidades científicas, de ensino superior, empresariais e centros de interface orientados para a (1) valorização dos recursos biológicos do território agroflorestal e dos matos e incultos, para impulsionar a Bioeconomia Sustentável e Circular e (2) a valorização de resíduos e desperdícios originados nas zonas urbanas para apoiar na transição climática, descarbonização e diminuição da pressão no uso de recursos naturais, com base em modelos de Economia Circular. Um dos projetos de destaque é o Lavoisier, que envolve 24 entidades industriais portuguesas, com a ambição e determinação deste projeto ter um forte impacto socioeconómico e industrial no interior”, refere a BLC 3 em nota.

João Nunes, presidente da BLC3, sustenta que “hoje há um interior a(para) puxar pelo país! Há massa crítica e conhecimento! Há infraestruturas tecnológicas e científicas mais robustas e outras novas que nasceram nos últimos 2 anos! Há também um interior com capacidade para dar o salto tecnológico e industrial que será fundamental para um crescimento da economia Portuguesa, baseado num modelo económico heterogéneo, de micro e meso escala, e cadeias de valor que podem também ser complementares e não dependentes”.

João Nunes, presidente BLC3

Estes mais de 200 milhões de euros “representam muitos horas de trabalho das equipas: o voto de confiança nestes projetos e rede é apostar num interior industrial e tecnológico e numa economia Portuguesa mais robusta e resiliente com capacidade para valorizar de forma eficiente os seus recursos biológicos, naturais e residuais (os resíduos também são um outro importante recurso)”, frisa.

Acrescentando ainda que “o conjunto de investimentos não representam e nem estão orientados para modas de redes sociais ou de narrativas e discursos de extremismos ou onde pode ficar bonito usar palavras modernas e novas, como se isso indicasse que assim somos (os)melhores (…), quando falamos em Bioeconomia e Economia Circular é voltar a um modelo antigo dos nossos pais e avós, dando-lhe apenas um “toque” tecnológico! Já estamos a cooperar e alinhar muitos trabalhos e esforços com colegas e entidades da fronteira La Raia de Espanha, resultado de trabalhos iniciados há mais de 5 anos”.

Atualmente, existem “mais de 500 investigadores/cientistas no interior de Portugal, que tiveram uma forte evolução nos últimos 4 anos, com base no desenvolvimento e implementação de políticas de ciência, conhecimento e avisos de concurso com investimento tecnológico específico para o interior e criação de emprego altamente qualificado, com apoios à mudança de residência do litoral para o interior”, revela ainda a BLC 3.

O interior do país tem “hoje um conjunto de infraestruturas e entidades de elevada importância e com trabalho muito importante, desde Trás-os-Montes até ao Alentejo”.

Ao longo de 10 anos, a BLC3 tem t”rabalhado e desafiado entidades de interface como o TagusValley, CATAA, CEBAL e Brigantia, de ensino superior como os Institutos Politécnicos de Coimbra (ESTGOH e ESAC), Bragança, Guarda, Viseu e Castelo Branco, que já não são meras entidades de ensino mas que desenvolvem trabalhos e investigação para as necessidades da região, de forma a apoiar o crescimento das empresas, assim como, e mais recentemente, os laboratórios Colaborativos, do CECOLAB, InnovPlantProtect, More e Food4Sustainability”. Neste âmbito, João Nunes sustenta que “as entidades do interior estão a dar um exemplo de trabalho em rede e mútua cooperação, crescendo em conjunto e não de forma isolada e já com destaque internacional”.

João Nunes refere como exemplo “o CECOLAB, o Laboratório Colaborativo, sedeado em Oliveira do Hospital, que, apesar de recente, já lidera a maior rede de conhecimento e ciência a nível internacional, com mais de 50 entidades de 40 países, na área da Economia Circular, onde estão a trabalhar mais de 30 jovens qualificados, alguns deles de outros países, como o Bangladesh, Turquia e Brasil”, e o Instituto Politécnico de Bragança, “que literalmente “mudou da noite para o dia, onde há mais de 10 anos era notícia no Times pelo contexto da noite e hoje é muitas vezes notícia pela ciência e conhecimento“.

Para que o crescimento da atividade económica cresça mais e de forma mais rápida, o interior e territórios rurais serão uma opção chave. As cidades podem crescer na vertente digital, turística e de valorização dos seus resíduos (de forma melhor, os seus fluxos de massa). Num mundo internacional e em crescimento, temos espaço para ter mais pessoas e com qualidade na sua fixação.

Nas regiões rurais e interiores, podemos crescer na agricultura tecnológica, na floresta tecnológica, nos novos produtos, na valorização dos territórios abandonados, nos substitutos derivados de petróleo, nas energias renováveis, nos recursos geológicos, nos serviços dos ecossistemas (quer da natureza como dos recursos naturais), nos modelos de negócio baseados na qualidade de vida e na próxima entre as necessidades do dia à dia e o descanso… (percursos diários inferiores a 15 a 20 minutos), no ponte mais próxima para o mercado europeu, que precisa de ganhar mais capacidade de autonomia nas matérias primas.

João Nunes sustenta que “temos de ser justos. Há 12 anos era uma utopia pensar em tecnologia e conhecimento e num interior com futuro tecnológico. Hoje é uma realidade. Há um caminho a percorrer, é certo, mas as atuais políticas e condições, bem como o conhecimento, representam a maior e mais segura aposta que o interior pode ter para garantir o seu futuro”.