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BLC3 desenvolveu pinheiros mais resistentes à seca e com “segunda vida”

A Associação BLC3 – Campus de Tecnologia e Inovação, com sede em Oliveira do Hospital, ao longo dos últimos dois anos tem apostado na investigação de uma nova abordagem e modelos de viveiros para obter plantas mais resistentes e resilientes às alterações climáticas e de valorização da biodiversidade e características genéticas nacionais.

O objetivo é o desenvolvimento dos “Viveiros do Futuro” que “consigam preparar as plantas para serem mais resilientes e com melhor qualidade genética, antes de estas serem transplantadas para ecossistemas agrícolas ou florestais”, adianta a BLC3 em nota.

Esta preparação passa por uma abordagem ao nível “Genético e da Biologia Molecular” e “Criação de Situações de Stress Induzidas e Controladas”, onde a “conjugação destas duas dimensões permitirá ter plantas mais preparadas e resilientes às alterações climáticas e aos riscos fitossanitários, não esquecendo a valorização da biodiversidade e da genética”.

Portugal é um dos países que apresenta “maior biodiversidade em um curto espaço territorial o que será uma grande oportunidade de desenvolvimento e valorização dessas valências e características”.

Os pinheiros mansos representam “mais de 132 mil hectares da floresta portuguesa e tem sido um dos ecossistemas florestais que mais tem crescido em Portugal e com elevado valor económico, muito associado ao pinhão”.

O trabalho de combate às “alterações climáticas e do seu impacto nas plantas tem de começar logo quando são juvenis. Se a abordagem e intervenção for apenas depois da plantação e de serem colocadas nos terrenos, não estaremos preparados para o combate às alterações climáticas, que poderão originar uma perda significativa nas plantas – que são fundamentais para o equilíbrio do planeta”, frisa ainda a BLC3.

“De igual forma, quanto mais novas as pessoas estiverem preparadas para as adversidades da vida, maior será a sua resiliência e capacidade de ultrapassar barreiras e desafios”, realça.

A BLC3 tem desenvolvido “muitos trabalhos de investigação e alcançado resultados muito importantes na fileira do pinheiro manso e do pinheiro bravo, quer ao nível genético como na valorização da resina natural de grande interesse e importância para a economia nacional”.

João Nunes, presidente e CEO da BLC3, sustenta que “o fenómeno de rebentação e segunda vida em pinheiros também se observa em uma outra parte do planeta, que ao longo de centenas e milhares de anos, evoluíram de forma a resistir ao fogo, por ação de vulcões”.

Neste momento, os avanços científicos que “conseguimos foi ao nível da resistência à seca, que são avanços muito importantes e únicos, sendo agora o próximo passo, avançar ao nível genético/molecular e para a multiplicação e ensaios em escala”.

Refere ainda que têm estado a trabalhar e com excelentes resultados ao nível da produção de resina do pinheiro manso e do bravo como uma forma complementar, onde o tipo e morfologia da planta tem muita influência.

João Nunes acrescenta ainda que, “devemos ter os únicos exemplares de pinheiros bravos com mais anos de resiliência ao nemátodo do pinheiro, que surge de um trabalho de mais de 20 anos de intervenção molecular, de aplicação da Lei de Darwin e com introdução dos princípios dos algoritmos genéticos de otimização na melhoria da qualidade e resiliência das plantas”.

João Nunes finaliza referindo que “todos dizemos e conhecemos a expressão de “flor de estufa”, em que de facto são plantas mais sensíveis e que exige cuidados quando são depois transplantadas e colocadas ao ar livre”.

Contudo, os viveiros representam um papel muito importante para a agricultura e floresta nacional sendo importante a ciência ajudar a encontrar novos conhecimentos que permitam preparar-nos para um futuro cada vez mais instável climática e politicamente.