Calvão da Silva aceitou assumir o Ministério da Administração Interna “por um imperativo ético”.
“Tentar que o vencido passe a primeiro-ministro é um golpe político”. Estas são as duras palavras de Calvão da Silva, professor da Universidade de Coimbra, que, em entrevista ao Expresso, abordou a atual situação política nacional.
Para o ministro da Administração Interna não há muito mais que Aníbal Cavaco Silva possa fazer para evitar um “assalto ao poder” por parte do PS, apoiado pelo PCP que “soube sempre combater” e, por isso, admite que “se houver um acordo à Esquerda maioritário, estável, consistente e duradouro” não vê “como é que o Presidente da República pode recusar”.
“O problema é o golpe político por trás”, refere Calvão da Silva, que acusa António Costa de ser “traiçoeiro” por ter cortado qualquer entendimento com a coligação e ter aberto negociações com os partidos de Esquerda.
Praticamente convencido de que o seu Governo cairá na terça-feira, o ministro diz ao Expresso que espera que “quando os partidos de um eventual governo de Esquerda se desentenderem, o Presidente da República volte a dar a palavra ao povo”.
Nesta senda e enquanto tal não acontece, até porque “os milagres às vezes acontecem” e pode mesmo não haver desentendimento, Calvão da Silva é perentório : “Resta ao PSD e CDS ser oposição frontal”.