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Câmara de Cantanhede aprovou a criação da primeira unidade de produção de vacinas em Portugal

A Câmara Municipal de Cantanhede aprovou os termos do compromisso já assumido com a Immunethep, SA, no sentido de apoiar a concretização de um projeto de investimento na criação de uma unidade de produção de vacinas no Biocant Park, a primeira em Portugal neste setor.

A autarquia compromete-se a ceder à empresa “terreno ou instalações junto ao Biocant Park, em condições a acordar entre as partes”, para permitir “a expansão das suas instalações em Cantanhede”, tendo em vista assegurar “as condições necessárias para ser criada uma unidade de produção de vacinas”.

No documento apresentado pela líder do executivo, Helena Teodósio, a Câmara Municipal propõe-se ainda “sensibilizar as entidades competentes, designadamente o Ministério da Saúde, o Ministério da Coesão Territorial, o Ministério da Economia e da Transição Digital, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e a Comunidade Intermunicipal Região de Coimbra, no sentido de a Immunethep conseguir apoio financeiro ao investimento que tem projetado para o imediato, no montante de vinte milhões de euros e destinado aos ensaios clínicos da vacina de combate à Covid-19 que a empresa esta a desenvolver. O investimento global, a 3 anos, ascende a cerca de 80 milhões de euros, para a edificação da unidade industrial de produção de vacinas”, prevendo-se “a criação de três centenas de empregos qualificados”.

A Immunethep, biotecnológica sediada no Biocant Park, em Cantanhede, cujo core business é a investigação e desenvolvimento de vacinas contra as infeções por superbactérias (resistentes aos antibióticos), decidiu, em abril do ano passado, orientar a sua atividade para a pesquisa de novas soluções tendentes a evitar o alastramento da pandemia de Covid-19, tendo alocado os seus recursos e know-how ao processo.

Ao contrário das vacinas da Moderna e da Pfizer, que identificam apenas uma parte importante do vírus, a da Immunethep usa “o vírus como um todo”, o que a torna mais abrangente perante variantes do novo coronavírus. A empresa recorre à técnica tradicional do vírus inativado, através da qual o SARS-CoV-2 é sujeito a um composto químico fixante. Concluído este processo, o vírus é inoculado na pessoa, estimulando-lhe o sistema imunitário sem desenvolver a doença.

Por outro lado, como se trata de vacina que será administrada por inalação, permite uma “maior proteção dos pulmões, a via primordial de entrada do vírus”. Estima-se que esta vacina tenha um processo de distribuição e administração mais facilitado, por não exigir “nem temperaturas negativas para o seu armazenamento nem um profissional de saúde que a saiba administrar por via intramuscular”.

Durante o ano de 2021, serão iniciados os ensaios clínicos – depois dos ensaios pré-clínicos que estão ainda a decorrer –, para posteriormente os resultados serem submetidos a análise tendo em vista a obtenção de autorização de entrada no mercado com o estatuto de emergência, ou seja, prevê-se que a vacina poderá estar pronta para distribuição no final do primeiro semestre de 2022.