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Carta Aberta da CM de Coimbra ao IPC

José Manuel Silva, presidente da Câmara de Coimbra

Recebeu a Câmara uma carta aberta do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) relativa à temática da Gestão Científica do Arvoredo urbano de Coimbra, obviamente discordando desta forma de comunicação menos cordial entre instituições públicas de Coimbra e sentindo-se obrigada a esclarecer a opinião pública pelo mesmo meio.

Recuando um pouco no tempo, na sequência da Lei 59/2021, de 18 de agosto, a Câmara Municipal (CM) de Coimbra desenvolveu um profundo trabalho de inventariação e cadastro do arvoredo urbano municipal, cujo resultado foi publicamente apresentado no Dia da Árvore de 2023 e divulgado amplamente pela comunicação social.

Neste contexto, toda a comunidade científica e técnica ficou a conhecer os trabalhos de inventariação de arvoredo realizados pela CM de Coimbra e, como o IPC menciona que, “possui competência e equipamento específico para realizar o inventário complementar ao cadastro urbano”, seria de esperar que, caso estivesse interessado, tivesse tomado a iniciativa de apresentar uma proposta ou pedido de reunião para apresentação destes serviços (que são de elevada especificidade), à semelhança do que acontece com tantos outros projetos do IPC e de outras instituições de ensino de Coimbra e do resto do país, que procuram a Câmara de Coimbra para o estabelecimento de parcerias técnicas. Salientamos que a CM de Coimbra, através dos serviços técnicos no domínio do arvoredo e dos espaços verdes, tem colaborado e pretende continuar a colaborar com a ESAC/IPC, nomeadamente em projetos de combate às plantas invasoras, na colaboração com o CERNAS/ESAC e em outros projetos vários. Aliás, a CM de Coimbra também colabora com outras instituições de ensino superior de Coimbra, nomeadamente com o Jardim Botânico da Universidade de Coimbra através do apoio para escolha de espécies para jardins específicos, colabora com o Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Coimbra, no projeto “Melhores espaços verdes e azuis para cidades mais saudáveis e equitativas”, perspetivando-se igualmente colaborações futuras, noutras temáticas do mundo natural, com o Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, no seguimento de reuniões já decorridas.

Em muitas áreas do saber, a Câmara precisa realmente das instituições científicas para desenvolver o seu trabalho com a máxima qualidade.

Considerando a vontade e a determinação da Câmara em aprofundar o estudo e acompanhamento científico do arvoredo urbano, através dos seus serviços municipais competentes, que são os conhecedores do meio, e por iniciativa destes, foi proposto o estabelecimento de uma colaboração com o Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves” (CEABN), do Instituto Superior de Agronomia, para efetuar um estudo relativo ao arvoredo urbano e aos serviços dos ecossistemas prestado. Pretende-se o desenvolvimento de parâmetros de qualificação do arvoredo no âmbito dos serviços de ecossistemas e sua quantificação será baseado na ferramenta i-Tree, criada pelo USDA Forest Service (Serviço Florestal do Departamento de Agricultura dos E.U.A.), que fornece meios para a análise e avaliação da floresta (tanto em ambientes urbanos como em contexto rural) e dos seus benefícios ecológicos e económicos.

O Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves” (CEABN) é uma unidade de investigação do Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa. Integra o InBIO, Rede de Investigação em Biodiversidade e Biologia Evolutiva (Laboratório Associado FCT), em parceria com o CIBIO, da Universidade do Porto.

A escolha deste Centro justificou-se pelo facto de ser o Centro com mais experiência em Portugal no domínio da ciência da arboricultura moderna e arvoredo urbano e por já terem realizado estes trabalhos para os municípios de Lisboa, Cascais e Almada, que são concelhos com estruturas urbanas semelhantes à cidade de Coimbra, com a mesma tipologia de arvoredo (26.000 árvores urbanas) e com os mesmos desafios, nomeadamente as ilhas de calor. Tratou-se, portanto, de uma escolha baseada em critérios de experiência científica e técnica devidamente consolidadas.

A proposta de Contrato de Cooperação entre o Município de Coimbra e o Instituto Superior de Agronomia para quantificação da biodiversidade e dos benefícios ambientais proporcionados as árvores de arruamento de Coimbra foi aprovada por unanimidade na reunião da Câmara de 18/03/2024.

Os serviços técnicos da CM de Coimbra, através do seu responsável, não podem deixar de manifestar um imenso sentido de injustiça na abordagem deste assunto por parte do IPC, uma vez que esse responsável tem a sua formação de base em Engenharia do Ambiente na ESAC/IPC e, portanto, existe uma “umbilicalidade” associada a esta instituição que tem sido um elemento facilitador da colaboração com os seus professores e investigadores, que tem existido e que se pretende que continue a existir.

A CM de Coimbra manifesta toda a sua disponibilidade para trabalhar com o IPC e com todas as suas diferentes escolas e reitera a sua total recetividade para continuar a receber proactivamente do IPC propostas de parceria técnico-científica nas áreas de intervenção camarária, Instituto a que continuaremos igualmente a recorrer no âmbito das suas competências, reconhecendo a sua imensa qualidade e mais-valia técnica e científica e aptidões de investigação.

TEXTO:

José Manuel Silva

Presidente da Câmara Municipal de Coimbra