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Carta aberta do IPC para o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra

Jorge Conde, presidente do IPC

Soubemos a 20 de março passado pela comunicação social, mas também por informação na página web da Câmara Municipal de Coimbra, que esta estabeleceu um acordo com o Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa para a gestão científica do arvoredo.

Iniciativa de louvar, já que recorrer a gente competente que nos ajude a aplicar conhecimento científico traz sempre mais-valias, neste caso ao território e às pessoas que dele usufruem.

Não podemos, no entanto, deixar de manifestar a nossa perplexidade pelo facto de, existindo em Coimbra uma das mais competentes entidades para este serviço, a Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra, com provas dadas na matéria, a mesma não ter sido consultada ou, no mínimo, convidada a participar no concurso.

Na área científica de Silvicultura, a ESAC possui competência e equipamento específico para realizar o inventário complementar ao cadastro urbano, tendo em vista a avaliação dos serviços ecossistémicos. Aliás, possui mesmo experiência neste domínio, uma vez que acaba de realizar um trabalho desta natureza para a Câmara Municipal de Oliveira do Bairro.

No que se refere a outras competências, a ESAC também tem condições para reunir uma equipa multidisciplinar de especialistas de outras áreas científicas para estudar os serviços dos ecossistemas prestados pelo arvoredo, nomeadamente ao nível da biodiversidade, da diminuição da poluição urbana, da diminuição do escorrimento superficial e da regulação climática.

O facto de, por um lado, a ESAC possuir recursos nas áreas de inventário, silvicultura urbana, hidrologia, regulação climática, energia e proteção fitossanitária e, por outro lado, estar previsto que a avaliação dos serviços ecossistémicos seja realizada utilizando uma ferramenta opensource, acessível a todos e bem documentada, gera a convicção de que a ESAC teria condições para dar resposta a todas as vertentes do trabalho em causa.

Esta atitude revela desconsideração pelo Politécnico de Coimbra e pela sua Escola por parte da Câmara Municipal de Coimbra e, especificamente, por parte do vereador responsável pelo pelouro – Francisco Queirós – e revela também desconhecimento das valências científicas da nossa instituição. Por tudo isto, não podemos deixar de colocar em causa a competência para o cargo do Senhor Vereador.

Senhor Presidente, ficamos ao dispor, se assim entender, para uma visita à nossa instituição por parte dos responsáveis políticos e dos serviços camarários que pretendam inteirar-se das competências disponíveis nas nossas escolas e demais unidades orgânicas.

TEXTO:

Jorge Conde

Presidente do Instituto Politécnico de Coimbra