CentroTV

Costa e Soares visitaram o amigo Sócrates

Mário Soares aproveitou o último dia do ano para fazer nova visita a José Sócrates no Estabelecimento Prisional de Évora, onde se cruzou também com António Costa, o actual secretário-geral do PS, que visitou o ex-primeiro-ministro pela primeira vez.

À saída da visita, o antigo chefe de Estado falou aos jornalistas e disse que tinha achado José Sócrates “muito bem, do ponto de vista intelectual”.

“Está com bastante capacidade, a situação é difícil, já se sabe. Ele vai sair daqui, porque não há razão para que continue preso, não há nada que se possa mostrar para que ele esteja preso”, afirmou convicto.

Mário Soares, que chegou perto das 10h00 e saiu por volta das 11h30, mantém a certeza de que Sócrates é inocente dos crimes que lhe são imputados e repetiu a ideia de que o processo tem contornos de vingança política.

No que diz respeito ao motivo da sua visita, pouco mais de um mês após a primeira, invocou a passagem de ano: “Tenho o sentimento da amizade e acho que devia, no dia em que vai acabar o ano – eu que já tenho 90 anos – vir visitar o meu amigo.”

O antigo governante recusou responder se a visita tinha sido em conjunto com António Costa, embora tenha deixado claro que os dois não tinham combinado ir em conjunto.

António Costa também falou com os jornalistas à saída da prisão, poucos minutos depois, mas disse que esta foi uma visita pessoal pelo que não quis retirar quaisquer ilações para a vida interna do Partido Socialista.

“O PS já deixou muito claro que uma coisa são os sentimentos por alguém que foi líder, outra é a necessidade que o país tem de o PS concentrar-se na sua missão que é construir alternativa.”

Em relação a José Sócrates disse que o ex-primeiro-ministro é “um lutador” e que “e está em luta pelo que acredita ser a sua verdade”.

“O que é importante é que deixemos a justiça funcionar em todos os seus valores”, acrescentou, referindo como exemplos: A presunção de inocência, igualdade de meios para a defesa e o segredo de justiça.

O antigo primeiro-ministro está preso preventivamente por suspeita de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada num caso relacionado com alegada ocultação ilícita de património e transacções financeiras no valor de vários milhões de euros. No âmbito da “Operação Marquês” está ainda em prisão preventiva Carlos Santos Silva, empresário e amigo de longa data do ex-líder socialista.

O processo tem ainda como arguido o advogado Gonçalo Trindade, que está proibido de contactar com os restantes arguidos, de se ausentar para o estrangeiro, com a obrigação de entregar o passaporte e de se apresentar semanalmente no DCIAP. O ex-motorista de José Sócrates, que também foi detido, passou entretanto de prisão preventiva para vigilância electrónica na sua residência no dia 23 de Dezembro.

Fonte: RR