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Dois médicos e cinco responsáveis de escolas de condução detidos em operação da PJ

Três médicos, várias escolas de condução e alguns espaços comerciais de agenciamento e serviços são suspeitos de integrarem um esquema fraudulento para a renovação de cartas de condução, com recurso a atestados médicos comprados.

A Polícia Judiciária da Guarda levou a cabo, na terça-feira, uma operação alargada (denominada “Consulta Zero”) que passou pelos concelhos do Fundão, Covilhã, Idanha-a-Nova e Castelo Branco e contou com buscas a estabelecimentos e residências.

O JF sabe que a operação levou à detenção de sete homens e uma mulher, designadamente dois médicos e responsáveis das escolas de condução e dos outros espaços comerciais.

A investigação prolongava-se há alguns meses e refere-se a factos ocorridos desde 2016 até agora, num estratagema que estava organizado para que os médicos passassem, a troco de um pagamento, os necessários atestados médicos para renovar cartas de condução de pessoas mais velhas, sem que estas tivessem sequer passado por qualquer consulta ou avaliação médica. As escolas tratavam diretamente com os médicos e os ditos espaços comerciais funcionavam como intermediários, com preços que podiam variar entre os 50 e os 80 euros ou até mais. Uma parte do valor (20, 30 ou mais euros) ficava para o médico, outra para as despesas do processo e o restante para a escola e intermediário.

“Estamos a falar de vários milhares de atestados médicos que foram passados sem qualquer consulta prévia”, disse ao JF fonte ligada ao processo.

Os “compradores” eram essencialmente pessoas com mais de 60 anos, havendo casos com mais de 90, alguns com quadros degenerativo associados, sendo que está em causa uma situação que, além da atividade criminosa propriamente dita, também colocava em causa a segurança rodoviária, comportando um grande perigo para o próprio condutor e para todos os que andam na estrada.

O processo já conta com mais de 400 arguidos, podendo vir a aumentar até porque os clientes finais também cometeram um ilícito.

Fonte: Jornal do Fundão