A ETAR de Alagoa em Arganil fez descargas poluentes para a ribeira de Folques, no final do mês de julho, mas empresa Águas do Centro Litoral que gere a estação garante que se tratou de um caso isolado e a situação foi ultrapassada.
A denuncia do caso foi feita à CentroTV por um morador de Arganil que preferiu o anonimato.
“Descobri nos últimos dias que a ETAR local está a deitar resíduos por tratar para a ribeira que passa no centro da vila e consequentemente está a ir direta para o rio alva, onde 500 metros mais a baixo, está uma praia fluvial (Sarzedo) que foi toda remodelada no último ano e por isso muito popular e muito frequentada por crianças. Sem saberem estão a tomar banho em águas com o estado em que se vê nas fotos”, adiantou.
A Águas do Centro Litoral (AdCL) é responsável pela exploração da ETAR de Alagoa/ Arganil, equipada com um tipo de tratamento de lamas ativadas de arejamento prolongado e dimensionada para uma população equivalente de 8.763 habitantes equivalentes. O efluente é descarregado em Alagoa, na ribeira de Folques, afluente do rio Alva.
Questionada pela CentroTV sobre esta situação a ACL respondeu que a estação de tratamento de águas residuais de Alagoa “cumpre com os parâmetros de descarga em total conformidade com a licença em vigor, conforme email enviado anteriormente, com respetiva fotografia efetuada no final da tarde do dia 5 na saída da ETAR”.
A AdCL “monitoriza diariamente todo o processo de tratamento das águas residuais até à devolução no meio hídrico de forma a garantir o correto tratamento e corrigir situações pontuais de avarias/afluências indevidas/caudais em excesso que possam comprometer o tratamento eficaz do efluente”.
Os resultados do programa de controlo implementado na saída da ETAR, “tanto qualitativo como quantitativo são enviados à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), de acordo com o previsto na licença de descarga em meio hídrico”, frisa.
“Relativamente à situação reportada, e tendo como base a informação disponibilizada que a foto da descarga de emergência foi tirada no dia 31 de julho, início da noite, num período em que as instalações funcionam de forma autónoma, analisámos o histórico de caudais de entrada na ETAR de Alagoa”, refere a ACL
Acrescentando que “verificou-se, assim, na hora estimada da fotografia, um período em que o caudal elevado pelos grupos registou um pico de redução do caudal repentino, de curta duração, o que pode significar a presença de uma obstrução parcial, provocada possivelmente pela presença de sólidos de grandes dimensões, verificando se, de seguida, um regresso à normalidade do caudal.”
Frisando que “infelizmente a colocação de resíduos sólidos de grandes dimensões é frequente em todas as ETAR do país, provocando avarias e obstruções nos sistemas de saneamento”.
“Por isso mesmo a AdCL, desde 2013, desenvolve um projeto de sensibilização ambiental ‘O Cano é que Paga’ que surgiu com o objetivo de esclarecer a população sobre as consequências da colocação de resíduos sólidos no esgoto, uma problemática de difícil assimilação visto que as consequências desta prática não são visíveis para a maioria da população”, conclui.