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Faleceu a atriz e encenadora Fernanda Lapa

Faleceu hoje a atriz e encenadora Fernanda Lapa, aos 77 anos, em Cascais, onde estava hospitalizada, revelou a Escola de Mulheres, companhia que dirigiu desde a sua fundação, em 1995.

“É com profundo pesar e imensa tristeza que a Escola de Mulheres comunica a morte de Fernanda Lapa, diretora artística desta companhia desde a sua fundação, em 1995”, adianta a escola em comunicado.

Enquanto estudante no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, Fernanda Lapa iniciou-se no Teatro dos Alunos Universitários de Lisboa, em 1962. Pela mão de Fernando Amado, logo de seguida participa na fundação da Casa da Comédia. É nesta companhia que se estreia como atriz profissional, sob a direção de Fernando Amado, na peça Deseja-se Mulher de Almada Negreiros. A sua interpretação impressionaria o próprio Almada, que ofereceu um livro à actriz e na dedicatória escreveu que lhe atribuía «20 valores pelo seu talento». Com a mesma peça estrear-se-ia como encenadora, dirigindo a sua irmã São José Lapa, dez anos mais tarde.
 
Com um bacharelato em Serviço Social, obtido no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, onde conheceu e teve como professor o médico e dramaturgo Bernardo Santareno, Fernanda Lapa obteve em 1979 uma bolsa da Secretaria de Estado da Cultura, que a levou a frequentar a Escola Superior de Encenação de Varsóvia. Nesta escola diplomou-se em Encenação, realizando em seguida estágios no Teatro Laboratório de Grotowski, no Teatro Contemporâneo de Wroclaw e no Teatro Stary de Cracóvia.
 
Atriz multifacetada, o seu curriculum abrange óperas, peças de teatro e teatro-dança; a interpretação de autores como Jean Cocteau, Copi, August Strindberg ou Arthur Miller; além de ter ministrado ações de formação no Chapitô e ter lecionado na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (no curso de Mestrado em Estudos Teatrais), na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa e na Escola de Artes da Universidade de Évora, onde dirige o Departamento de Teatro e é Professora Catedrática Convidada.
 
Mantém-se ainda como diretora artística da Escola de Mulheres – Oficina de Teatro, projecto que fundou com Isabel Medina em 1995, destinado a privilegiar a criação feminina no teatro. Aí se tem dedicado sobretudo à encenação, tendo dirigido para o Teatro Nacional D. Maria II, Medeia é Bom Rapaz de Luís Riaza, As Bacantes e Medeia, de Eurípides, Sétimo Céu de Caryl Churchill, Como Aprendi a Conduzir e A Mais Velha Profissão, de Paula Voguel. Na interpretação salienta as participações mais recentes, Bernardo, Bernarda, colagem de textos de Bernardo Santareno, e encenação de Nuno Carinhas, e Medeia, encenação sua, ambos no Teatro Nacional D. Maria II.
 
No cinema participou em várias longas-metragens, tendo protagonizado Recompensa, de Arthur Duarte (1979), e Solo de Violino, de Monique Rutler (1992), além do trabalho com os realizadores Fernando Vendrell e Margarida Gil. Participou em dezenas de peças produzidas ou adaptadas para a televisão e integrou o elenco de séries como Ballet Rose, A Raia dos Medos, O Processo dos Távoras ou Pedro e Inês, além da participação esporádica em novelas. Com Sinde Filipe foi co-autora de Cancioneiro (1975), programa de poesia na RTP1.
 
Recebeu o Globo de Ouro (2005), pela produção de A Mais Velha Profissão de Paula Vogel. Foi distinguida em 2005 com a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura.
 
Casada com Carlos Alberto Pombo Rodrigues até 1970, tem três filhas