O último dia da Festa das Latas 2023 começou no Pátio das Escolas, com a Cerimónia de Imposição de Insígnias.
Para os estudantes que estão a terminar a licenciatura, é chegado o tempo de impor o Grelo na pasta académica. “Significa que uma das etapas mais importantes da minha vida está a chegar ao fim, oficialmente o nosso ano de finalistas começou”, conta Maria Marques, aluna da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (UC). Visto serem os afilhados a comprar o Grelo, para Maria Marques também “significa que parte dos meus afilhados está sempre comigo, na minha pasta”.
Esta primeira Insígnia “é a pequena semente que vai culminar na Queima das Fitas”, explica o Dux Veteranorum da UC, Matias Correia. Em maio, queima-se o Grelo e soltam-se as Fitas, “símbolo do mérito académico”. Além da Insígnia, os estudantes trazem com eles um nabo, tradição que remonta a 1903. Em março desse ano, as vendedeiras protestaram contra o valor dos impostos, naquela que ficou conhecida como a Revolta do Grelo. Os estudantes aliaram-se à luta e, desde então, “todos os anos vão comprar o nabo às senhoras do Mercado Dom Pedro V como forma de manter a lealdade” à causa, conta Matias Correia.
Perante centenas de estudantes, o vice-reitor para o Património, Edificado e Turismo, Alfredo Dias, abriu a Cerimónia de Imposição de Insígnias, a partir das escadas da Via Latina. “Vivenciar a experiência coimbrã é algo único”, afirma Eduardo Vieira, quartenista do curso de Farmácia da UC. A semana “tem sido inexplicável, só quem vem é que sabe o que é a Latada de Coimbra”.
Para lá da Porta Férrea, já centenas de estudantes estavam reunidos para dar início ao Cortejo da Latada. Sob um Sol de outubro atipicamente quente, a Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra (DG/AAC) encabeçou o desfile, alertando para o problema da habitação. “Considerando que na UC temos uma percentagem de estudantes deslocados muito elevada, é um perigo eminente o elevado valor das rendas”, explica o presidente da DG/AAC, João Caseiro.
As mensagens políticas estenderam-se um pouco por todo o Cortejo, desde estudantes “com a casa às costas” a cartazes alusivos aos preços da habitação em Portugal. “É um assunto que nos toca a todos e que é importante de ser falado”, defende a estudante da Faculdade de Direito da UC, Sofia Pissarro. Como aluna do 1.º ano de Direito, não esconde a felicidade de participar, pela primeira vez, no cortejo da Latada.
João Cruz, aluno de 1.º ano na Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC, partilha da mesma expectativa. “Já estive cá a assitir, mas nunca fui eu a ir no Cortejo”, conta. Para o estudante de Informática, a Latada representa “a entrada no contexto académico” que existe em Coimbra.
“Ao luar desta cidade criam-se memórias para a eternidade”, lê-se à entrada da Praça da Canção, local onde culmina a Festa das Latas e Imposição de Insígnias. A Latada 2023 decorreu entre 2 e 8 de outubro.
