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Insetos raros povoam a Serra da Estrela

Normalmente não reparamos muito neles, mas só no PNSE existem mais de 2100 espécies, das cerca de 12 mil que já estão citadas em Portugal.

Um número que, segundo os especialistas, até pode ser superior, visto que todos os anos são descobertos novos tipos de insetos.

Os incêndios que têm afectado o parque, principalmente na última década, acabam por dizimar muitos deles e os seus habitats, mas alguns são os primeiros a colonizar as zonas ardidas, como é o caso das aranhas.

No PNSE existem várias dezenas de espécies únicas na fauna portuguesa (percevejos, escaravelhos e aranhas) e mais de duzentas espécies novas para a Área Protegida (libélulas, gafanhotos e borboletas).

José Grosso-Silva revela que o estudo dos invertebrados da Serra da Estrela teve início há cerca de 200 anos, com investigações realizadas pelo conde Hoffmansegg.

Este botânico holandês recolheu principalmente escaravelhos, que posteriormente foram estudados pelo conde francês Dejean.

Já no século XIX as investigações mais profundas foram levadas a cabo pelo alemão Lucas von Heyden, que recolheu mais de 120 espécies de escaravelhos e por Paulino de Oliveira, professor de Zoologia da Universidade de Coimbra, que descobriu cerca de 330 espécies de escaravelhos e 100 espécies de percevejos.

No século XX os estudos incidiram sobre outras espécies de insetos, com uma contribuição grande de cientistas estrangeiros, que chegou mesmo a ultrapassar a contribuição dos investigadores portugueses. Segundo José Grosso-Silva, desde 1998, a fauna do PNSE tem vindo a ser estudada de uma forma contínua.

O grupo com mais espécies catalogadas é actualmente a dos insectos Coleópteros (escaravelhos, joaninhas, carochas, pirilampos), com uma colónia de cerca de 800 espécies, representando um quinto de toda a fauna deste tipo em Portugal que é de 3800 espécies.

Já as borboletas e as traças, insectos da ordem dos Lepidópteros, estão definidas 550 espécies na Estrela e muitas delas foram localizadas pela primeira vez nos últimos anos e não são conhecidas de qualquer outra região no nosso país.

As abelhas, vespas e formigas surgem em terceiro lugar, encontrando-se registadas mais de 260 espécies no PNSE, “um dos valores mais elevados de riqueza específica em Portugal”, ainda segundo aquele especialista.

Existem ainda mais 400 espécies já catalogadas na área da Serra da Estrela, entre, mosquitos, moscas, cigarras, gafanhotos, grilos, libelinhas ou bichas-cadelas.