Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) respondeu à solicitação do primeiro-ministro sobre o fogo de Pedrógão Grande, dizem que existiu um fenómeno “downburst” que potenciou a progressão das chamas de forma altamente descontrolada.
Em carta enviada a António Costa, o presidente do IPMA refere que o sistema de previsão meteorológico para as condições de superfície, “funcionou de forma correta, dentro de margens de erro expectáveis, definindo o quadro sinóptico de tempo muito quente, com temperaturas máximas muito elevadas, próximas de 40ºC, temperaturas mínimas igualmente elevadas, humidade relativa muito baixa, vento fraco ou moderado nos locais elevados, e condições de instabilidade, com possibilidade de ocorrência de aguaceiros de trovoadas durante a tarde”.
No que diz respeito às condições excecionais que determinaram situações no terreno de excecional gravidade, “estamos convictos que foram o resultado da conjugação da dinâmica do próprio incêndio e dos efeitos da instabilidade atmosférica, gerando “downburst”, ou seja, vento de grande intensidade que se move verticalmente em direção ao solo, que após atingir o solo sopra de forma radial em todas as direções. Este fenómeno é por vezes confundido com um tornado, e tem um grande impacto em caso de incêndio florestal por espalhar fragmentos em direções muito diversas”, revela Jorge Miranda.
Para o IPMA o desencadeamento ou a propagação do incêndio poderão ter sido “amplificados pela conjugação dos fatores descritos, e a importância excecionalmente elevada de efeitos locais relacionados com fenómenos de convecção atmosférica associados à humidade muito reduzida, e a dinâmica induzida pelo próprio incêndio”.
A concluir revela que esta situação “tão complexa e excecional está a ser objeto de um estudo aprofundado”.