A Polícia Judiciária e o Ministério Público avançaram esta manhã com uma megaoperação que visa a detenção, com mandado emitido, do empresário madeirense Joe Berardo, por suspeitas de crimes como burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais – pela forma como conseguiu obter, em 2006, empréstimos da Caixa Geral de Depósitos, que em 2015 ainda revelavam uma exposição do banco público à Fundação Berardo na ordem dos 268 milhões de euros em créditos mal parados.
Em causa, a forma como depois montou um esquema de dissipação de património e dinheiro, através de empresas-veículo, para conseguir escapar aos credores: além da Caixa, deve ainda milhões de euros a outros bancos.
De acordo com informação avançada pela Polícia Judiciária (PJ), foram efetuadas 51 buscas, 22 buscas domiciliárias, 25 buscas não domiciliárias, 3 buscas em instituição bancária e uma busca num escritório de advogados.
A investigação, iniciada em 2016, identificou procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito, contrários às boas práticas bancárias e que podem configurar a prática de crime.
“A operação da PJ incidiu sobretudo num grupo económico, que entre 2006 e 2009, contratou 4 operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de Euros. Este grupo económico tem incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar.”, lê-se no comunicado enviado pela PJ.
Atualmente este grupo económico causou um prejuízo de quase mil milhões de Euros à CGD, ao NB e ao BCP, tendo sido identificados atos passiveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património.
A operação envolveu 180 profissionais, 138 da PJ, 26 da AT,9 do MP e 7 JIC.