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Jornal do Fundão comemora 75º aniversário

O Jornal do Fundão comemora hoje o seu 75º aniversário.

“Naquela manhã de 1946 ninguém adivinharia que se estaria a dar início a uma aventura ímpar na imprensa nacional. Aquelas oito páginas que António Paulouro segurava nas mãos na pequena sede no Largo Dr. Alfredo da Cunha, vertidas em papel de fina gramagem eram apenas o primeiro passo de uma longa caminhada que faria daquele humilde jornal maior do que um mero semanário de atualidade de um concelho”, começa por escrever no editorial o seu atual diretor, Nuno Francisco.

Mais adianta, depois de recordar o percurso do título, lembra que o Jornal do Fundão “é – sempre foi – uma fabulosa improbabilidade. Todo ele, de fio a pavio. Provavelmente a maior da imprensa nacional. Desde o dia um. Combateu a pesada canga da interioridade que lhe toldava todos os caminhos, combateu os estigmas de pequeno jornal de um meio rural e distante. Combateu uma ditadura, numa luta de uma desigualdade abissal – e fê-lo exatamente a partir do lugar onde nasceu. Foi daquela rua de uma pequena vila beirã que enfrentou a Censura que o perseguiu ferozmente”.

António Palouro foi o fundador do Jornal do Fundão

“Foi aqui, neste chão, que sobreviveu a uma morte anunciada ditada por um encerramento forçado imposto pelos lacaios do Estado Novo de lápis azul em punho. Foi aqui, num dos territórios mais pobres do país, que enfrentou – e enfrenta – todas as crises da imprensa, não sem danos, mas saindo delas da melhor forma que pode e sabe. Esta improbabilidade chamada “Jornal do Fundão”, que António Paulouro segurou nas mãos pela primeira vez naquela manhã de 27 de janeiro de 1946, raramente navegou em mares calmos”, frisa.

Ao celebrarem o 75º aniversário em “tempos muito difíceis para todos. Vivemos numa aflitiva emergência sanitária com as pesadas consequências que resultam a nível da saúde pública, da economia, do nosso bem-estar em geral. São tempos ímpares de tormenta e mais uma vez teremos de vencer tudo isto juntos. Não há outra alternativa. Resistir e vencer.

Nuno Francisco sublinha que a imprensa está também a “sofrer muito com todo este contexto. Se somarmos a circulação em papel com a audiência digital, o resultado é simples: Nunca fomos tão lidos como agora. Mas tal não se repercute nas receitas num momento em que as audiências procuram cada vez mais os nossos conteúdos”.