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JSD de Coimbra quer ministro da Educação a pedir desculpa por declarações sobre praxe

A Comissão Política Distrital da JSD Coimbra ficou “em choque” com as declarações proferidas pelo ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, que disse repudiar totalmente as praxes académicas, em “qualquer que seja a sua forma” e apelou a “um combate cerrado” contra as suas práticas, considerando-as “uma das maiores pragas que temos de combater”.

“Coimbra tem praxe académica há séculos, esta é cultura, tradição e história desta cidade e desta região”, referem em comunicado os jotas laranjas.

A JSD Distrital de Coimbra está “estupefacta com o facto de, três dias passados sobre estas declarações, as mesmas não tenham recebido a contestação pública de Manuel Machado e João Ataíde, os mais altos responsáveis da região”.

A JSD Distrital de Coimbra recorda que a praxe académica foi “uma arma política contra o Estado Novo em Portugal e essencial para a construção de condições para o 25 de Abril. A sua reposição, depois do PREC (processo revolucionário em curso) na década de setenta, foi uma manifestação da liberdade conquistada”.

Para além de uma “fortíssima tradição de inclusão e integração de estudantes”, a praxe académica de Coimbra é, e “deve continuar a ser, sinónimo e hino à liberdade e ao regime democrático”.

O ministro, afirmando que a “praxe é uma praga, está a condenar as manifestações de liberdade crítica, muitas vezes concretizadas com humor, típicas da Queima das Fitas e da Latada, comportando-se como o membro de um governo totalitário”.

“É certo que têm surgido algumas situações isoladas, normalmente em instituições onde a prática é mais recente, em que muitas vezes existe abuso dos mais elementares direitos dos jovens estudantes e, principalmente, das jovens estudantes”, adianta ainda JSD.

Estes abusos, “onde quer que aconteçam, são intoleráveis e injustificáveis. Devem ser investigados e condenados, sem exceção, quer pelas autoridades académicas quer pela justiça portuguesa”.

Para os jotas “talvez por ignorância, confundindo a parte com o todo, ou por cegueira ideológica, o Ministro Manuel Heitor ofendeu Coimbra e a sua prática secular”.

A praxe é, para além de “marca característica desta cidade e da região, fonte de inspiração e de liberdade, uma prática com efeitos económicos e turísticos importantíssimos para Coimbra, desde logo dado ao reforço do uso de capa e batina e às festas académicas, que vão de Coimbra à Figueira da Foz”.

“Perante esta afronta, a JSD Distrital de Coimbra exige ao Ministro que faça um pedido de desculpas público à cidade e região de Coimbra. Caso não o faça, exigimos ao Primeiro-ministro António Costa que proceda à sua demissão”, salientam a concluir.