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Mega recolha de beatas em Aveiro

A Associação BioLiving e a Escola Secundária José Estevão lançaram o desafio aos alunos de 7º e 10º anos para ir para as ruas de Aveiro durante uma hora e apanhar o máximo de beatas do chão que conseguissem.

Cerca de 600 alunos, professores e voluntários, ao fim de uma hora, apanharam 87.299 beatas.

Este evento inseriu-se num projeto de uma turma de 10º ano desta escola, em parceria com a BioLiving, que, durante o ano letivo, estudou e desenvolveu a problemática ambiental causada pelo incorreto descarte das beatas no chão, na sua disciplina de Cidadania e Desenvolvimento. A turma saiu à rua por diversas vezes para fazer recolhas de beatas que usaram, posteriormente, como forma de sensibilizar os restantes alunos da sua escola numa exposição temática.

As beatas são o item mais descartado do mundo e todos os dias muitos milhões vão parar ao chão.

No contexto português, 7 mil beatas por minuto têm este destino devido ao hábito já tão enraizado (e aparentemente socialmente aceitável!) de assim descartar estes resíduos tóxicos.

A beata de um cigarro contém milhares de químicos tóxicos que contaminam solos e águas e têm na sua composição plástico, um composto não degradável. Dado ao seu leve peso, as beatas são transportadas pela água da chuva e cursos de água até ao mar, sendo hoje um dos itens que mais contribuem para a poluição dos oceanos e zonas costeiras.

A água da chuva também acaba por promover a diluição dos componentes tóxicos presentes na beata que, para além de contaminar a própria água, mais facilmente se infiltram e contaminam o solo. Tudo isto acaba por chegar a nós ao longo da cadeia alimentar.

Perante este cenário, a Associação BioLiving juntou-se a muitas outras associações e movimentos nesta causa, esperando sensibilizar a população para esta problemática aparentemente “fantasma”, mas que têm um efeito cumulativo no ambiente preocupante. Em julho de 2018, a Associação BioLiving criou a campanha #SemFiltros com uma ação voluntária de recolha de beatas em Albergaria-a-Velha.

Um ano e várias iniciativas semelhantes depois, já foram recolhidas cerca de 124000 beatas nas ruas da região de Aveiro. Parte das beatas recolhidas ao longo das várias iniciativas estão a ser guardadas para posterior reaproveitamento e transformação e outra parte foi doada a associações que lutam pela mesma causa e as usam em instalações de arte para sensibilização.

Esta iniciativa da Associação BioLiving e da Escola Secundária José Estevão, contou com o apoio e parceria do Núcleo de Estudantes de Biologia – AAUAv, a iniciativa Sê Humano da Universidade de Aveiro, a Rede Biatakí e o Núcleo de Cinema e Fotografia – AAUAv, que fez a cobertura fotográfica do evento.

Apesar do número assustador – 87.299 beatas numa hora – esta é apenas uma pequena parte de um problema com consequências globais. É importante agir e sensibilizar para que um dia não se consiga apanhar qualquer beata no chão.