O Misty Fest está de volta ao Convento São Francisco, em Coimbra, nesta que é a sua 10ª edição.
Em 2019, o festival continua comprometido com uma programação da mais elevada qualidade artística, levando espetáculos a diversas cidades, de norte a sul do país, voltando Coimbra, a par de Lisboa ou Porto, a afirmar-se como importante palco para alguns dos principais concertos.
Entre a mais refinada folk e a mais elaborada música orquestral, entre o rock, o jazz, a world music ou a eletrónica, programando, lado a lado, talento nacional emergente e valores indiscutíveis bem como nomes da esfera internacional aplaudidos por público e crítica, o Misty afirma-se em 2019 como uma referência sem paralelo no panorama cultural português.
PROGRAMA:
Melingo
Sexta-Feira, 1 Novembro – 21h30 | Antiga Igreja
O músico argentino apresenta-se de novo em Portugal, em quinteto, com novo repertório e, claro, as suas músicas mais conhecidas.
Ao vivo, Melingo, voz marcada pela vida, é um portento de alma e emoção, que consegue incorporar o lado maldito do rock de Nick Cave e da chanson de Serge Gainsbourg na criação elevada por Gardel até à condição de banda sonora por excelência das vielas de Buenos Aires. Em Paris, Melingo ainda aprendeu algo do cabaret que faz com que a sua música soe melhor com luzes baixas e um copo na mesa em frente a nós. As suas canções pegam no tango e retorcem-no, sem nunca o descaracterizar. Melingo soa perfeito por cima de bandoneon e baixo, por cima de trombone ou guitarra. Ao vivo, é um ator possuído que vive as histórias negras de que falam as canções. No britânico Guardian afirmou-se que “a extravagante teatralidade dos seus concertos irá conduzir Melingo ao sucesso internacional.” Sem dúvida.
A editora Mañana foi criada por Eduardo Makaroff dos Gotan Project para explorar a nova vitalidade do tango e a sua primeira aposta recaiu, precisamente, sobre Daniel Melingo. Melingo, como já se escreveu, é o seu próprio mito: foi estrela dos palcos rock alternativos da Argentina na década de 80, ajudou a inventar a movida de Madrid, e estudou todos os mestres, de Gainsbourg a Nick Cave, de Tom Waits à lenda do tango El Polaco. Em 2005 Melingo editou o aplaudido Santa Milonga e imediatamente estabeleceu uma imagem reinventada, já longe do rock, embora ainda perfeitamente rebelde. Com o segundo álbum, Maldito Tango, a transformação completou-se e Melingo surgiu como uma alma danada, fugida das imagens clássicas do tango para pegar no legado de Gardel e reinventá-lo, com teatro, com alma, com estilo. A propósito de uma passagem sua pelo Royal Festival Hall, em Londres, escreveu-se no Guardian que Melingo tem em Maldito Tango um excelente álbum, mas que ainda assim não nos prepara para a pura eletricidade da sua performance.
Nitin Sawhney
Quinta-Feira, 7 Novembro – 21h30 | Grande Auditório
Nitin Sawhney que regressará a Portugal, mais de 10 anos depois da sua última apresentação, para revisitar um dos maiores clássicos da modernidade britânica, Beyond Skin, obra prima de que em 2019 se assinala o vigésimo aniversário. Aplaudido como um dos mais notáveis compositores britânicos, condecorado pela coroa e distinguido com regularidade pela crítica, Sawhney tem composto muito para o ecrã – é dele, por exemplo, a banda sonora de Mowgli, produção recente com marca Netflix. Neste concerto revisitará um dos mais amados encontros entre a música indiana e a eletrónica, um álbum que marcou uma época e que se prendeu ao futuro, continuando a ser referência até aos dias de hoje.
Kyle Eastwood
Sexta-Feira, 15 Novembro – 21h30 | Antiga Igreja
A música para cinema tem um poder especial: associada a grandes imagens, a históricos desempenhos e a histórias eternas, a música das grandes bandas sonoras tem o poder de convocar profundas emoções que mexem com o nosso âmago. Kyle Eastwood sabe isso melhor do que ninguém: filho do grande ator e realizador Clint Eastwood, Kyle cresceu rodeado de cinema e de música. O seu pai é ele mesmo um grande amante de jazz (e um competente pianista) e por isso não é de espantar que Kyle tenha decidido combinar essas duas grandes artes – a música e o cinema – na sua mais recente criação, o álbum Cinematic, em que arranja para um combo de jazz música de compositores cujas obras brilharam no grande ecrã – de Michel Legrand a Henry Mancini, de Ennio Morricone e Lalo Schifrin a John Williams, entre outros, incluindo uma peça que ele mesmo escreveu para um filme do pai.
No concerto que vem apresentar a Portugal, Kyle Eastwood, que é um contrabaixista reputado com uma carreira discográfica assinalável de mais de duas décadas, apresentará música de filmes como Gran Torino, que o seu pai dirigiu, mas também de clássicos como Bullit, Expresso da Meia Noite, Taxi Driver, Pantera Cor de Rosa, La La Land ou Skyfall, percorrendo assim icónicas histórias que o cinema consagrou, evocando heróis, grandes atores e obras que estão na nossa memória coletiva.
Maria Gadú
Sábado, 16 Novembro – 21h30 | Grande Auditório
Maria Gadú, compositora, cantora e autora de temas conhecidos mundialmente como “Shimbalaiê” ou “Altar Particular” apresenta-se em Portugal para participar no Misty Fest com Pelle – uma tour de voz, violão, guitarra e os seus maiores êxitos.
No ano passado, Maria Gadú apresentou-se em doze espetáculos em cidades europeias como Roma, Milão, Florença, Cagliari e Paris acompanhada somente pela sua guitarra e violão. Um repertório repleto das suas canções e de outras que, não sendo de sua autoria, fazem parte da sua vida. Casas cheias e bilhetes esgotados em todos os locais por onde passou fez da Tour Pelle um sucesso. Deixamos as palavras da própria Maria Gadú: “Depois de mais de uma década, faço essa deliciosa tour munida apenas de guitarra e violão. A solidão no palco, as canções em suas formas nuas e cruas, o improviso. Lembrando meus tempos de barzinho, tocadora de rua, violeira da noite. Bora se divertir!”
Lina e Raül Refree
Domingo, 24 Novembro – 21h30 | Antiga Igreja
Em estreia absoluta no nosso país, Lina e Raül Refree vão apresentar um disco conjunto que irá, certamente, merecer o mais atento escrutínio dos media, tamanha a sua originalidade. Refree assinou a produção do primeiro álbum de Rosalía e também de trabalhos, de Sílvia Perez Cruz, El Niño de Elche ou Lee Ranaldo, dos Sonic Youth. Na fadista Lina encontrou o seu mais recente desafio, indo ao seu encontro com o seu particular ângulo, partindo para o fado sem o amparo dos cânones do género. O resultado, garante quem já ouviu, poderá ser um dos melhores álbuns nacionais de 2019, um álbum criado por uma dupla improvável cuja química natural motivará uma digressão internacional conjunta que tem já estreia marcada para o La Mar de Musicas, em Cartagena, em Julho, seguindo-se depois outra apresentação em Vigo, no festival Sinsal, ainda no mesmo mês.