Morreu Sinéad O’Connor com 56 anos.
A cantora irlandesa ganhou fama internacional em todo o mundo em 1990, com seu cover de Nothing Compares 2 U, do cantor Prince.
O’Connor nasceu em Dublin em 8 de dezembro de 1966.
Filha de um engenheiro, e mais tarde advogado, Sean O’Connor e de Marie O’Connor. É a terceira filha, de entre cinco irmãos: Joseph O’Connor (que é escritor), Eimear, John, e Eoin.
Teve a vida marcada por reveses que moldaram a sua personalidade e marcaram-na para sempre. Tendo sofrido abusos na infância, já tentou suicídio e afirmou ser homossexual no meio da conturbada carreira. Foi excomungada por tentar protestar contra o abuso sexual cometido por padres e membros da hierarquia católica. Destacou-se pela voz doce, e ao mesmo tempo rebelde, e cabeça raspada, a sua marca registada por muitos anos.
Estreou-se na música em 1987, com o álbum The Lion and the Cobra, dedicado à mãe que falecera havia pouco tempo. Conseguiu apresentar-se em diversos países da Europa e nos Estados Unidos, ganhando grande visibilidade. Foi apenas com o segundo trabalho, I Do Not Want What I Haven’t Got de 1990, que Sinéad ficou mundialmente famosa.
A canção “Nothing Compares 2 U” composta originalmente por Prince, levou o álbum à primeira posição dos mais vendidos em vários países e rendeu-lhe diversos prémios. Também em 1990, Sinead participou do show que deu origem ao DVD Roger Waters – The Wall Live in Berlin, cantando Mother.
Dois anos depois chegou Am I Not Your Girl? onde a cantora interpretou algumas músicas de sucesso como “Don’t Cry For Me, Argentina” e “Gloomy Sunday”. Nessa altura, foi novamente notícia internacional, mas desta vez, por rasgar uma fotografia do Papa João Paulo II em protesto aos abusos sexuais cometidos por clérigos e membros da Igreja Católica, num dos programas com mais audiência dos EUA, o Saturday Night Live.
Numa das muitas entrevistas sobre essa acção, Sinead conta: “ Muitas pessoas não entenderam o protesto. Eu sabia que a minha ação poderia causar problemas, mas queria forçar uma conversa onde houve a necessidade de uma […] Tudo o que eu lamentava era que as pessoas pensassem que eu não acreditava em Deus. Isso não é verdade. Sou católica de nascimento e seria a primeira à porta da igreja se o Vaticano oferecesse reconciliação sincera.
”A atitude foi reprovada por diversas autoridades e Sinéad ficou com uma imagem negativa em muitas cidades, chegando até a ser vaiada num show em tributo a Bob Dylan. Sinead ficou com medo da atitude das pessoas e chegou até a doar a sua casa de 800 mil dólares para a Cruz Vermelha.
Em 1994 ela lançou o álbum Universal Mother que incluía a faixa “Fire On Babylon” que acaba por ser o grande destaque uma vez que fala de abuso sexual infantil. Engajada politicamente, grava Gospel Oak contendo seis músicas dedicadas ao povo do Ruanda, de Israel e aos próprios irlandeses. Após alguns anos de silêncio, lançou Faith and Courage, no ano de 2000, que foi produzido pelo ex- Eurythmics Dave Stewart.
A cantora anunciou que se converteu a Igreja Tridente Latino, da Irlanda, e passa a dedicar grande parte de sua vida à religião. Sean-Nós Nua traz um repertório composto de canções folclóricas irlandesas e o duplo She Who Dwells in the Secret Place of the Most High Shall Abide Under the Shadow of the Almighty é dividido entre um disco ao vivo e outro com faixas raras e algumas covers.
Sinead O’Connor com Sly & Robbie em Toronto, 2005. Sinéad O’Connor anunciou que iria deixar os palcos e o show business para cuidar mais do seu espírito e da sua família. Já tinha anunciado o seu afastamento outras vezes mas não cumpriu a promessa.
No final de 2011 lança o seu álbum mais recente, intitulado “Home”. Em outubro de 2018 anunciou que se converteu ao islamismo, e também mudou de nome. A partir de então, passou a chamar-se Shuhada’ Davitt. Em novembro de 2018 afirmou:
“O que estou prestes a dizer é algo tão racista que nunca pensei que a minha alma pudesse senti-lo. Mas, sinceramente, nunca mais quero estar perto de pessoas brancas (se é assim que os não muçulmanos são chamados). Em momento nenhum, por razão nenhuma. São nojentas”. Em setembro de 2019, acusou Prince de ter batido em várias mulheres e de a ter tentado agredir