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Morreu aos 97 anos o pensador e escritor Eduardo Lourenço

Morreu aos 97 anos, em Lisboa, o pensador e ensaísta Eduardo Lourenço.

Eduardo Lourenço Faria nasceu em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, distrito da Guarda.

Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa.

Eduardo Lourenço também era conselheiro de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa.

Oriundo de uma pequena aldeia da Beira Interior, S. Pedro do Rio Seco, era o mais velho dos sete filhos de Abílio de Faria, capitão de Infantaria, e de Maria de Jesus Lourenço. Mudou-se para a Guarda em 1932 e ingressou no Colégio Militar em 1934, um ano depois de o pai partir para Nampula, em Moçambique.
Em 1940, estudante na Universidade de Coimbra, encontra aí um ambiente aberto e propício à reflexão cultural que sempre haveria de prosseguir. Obtém a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas em 1946. Torna-se assistente da Faculdade de Letras entre 1947 e 1953, colaborando com Joaquim de Carvalho. É nesse período que publica o seu primeiro livro, Heterodoxia (1949), que reúne uma parte da sua tese de licenciatura, O Sentido da Dialéctica no Idealismo Absoluto. Colaborou também no Diário de Coimbra, publicando as Crónicas Heterodoxas.
Em 1949 realiza um estágio na Universidade de Bordéus 2, com uma bolsa do Programa Fulbright. Leitor de Cultura Portuguesa entre 1953 e 1955 nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, exerce a mesma actividade na Universidade de Montpellier de 1956 a 1958. Casa-se com Annie Salamon, em Dinard, em 1954. Após um ano passado na Universidade Federal da Bahia, como professor convidado de Filosofia, passou a viver em França em 1960.
Fixou residência em Vence, em 1965. Foi leitor na Universidade de Grenoble de 1960 a 1965 e maître assistant na Universidade de Nice até 1987, passando a maître de conferences em 1986. Tornou-se professor jubilado em Nice em 1988.
Em 1989, assume funções como conselheiro cultural junto da Embaixada Portuguesa em Roma, até 1991. Desde 1999 ocupa o cargo de administrador (não executivo) da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O Centro de Estudos Ibéricos criou em sua homenagem o Prémio Eduardo Lourenço, atribuído desde 2005 e destinado a agraciar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura, da cidadania e da cooperação ibéricas.
Foi um dos principais signatários do Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa Contra o Acordo Ortográfico de 1990, petição on-line que, entre Maio de 2008 (data do início) e Maio de 2009 (data da apreciação pelo Parlamento), recolheu mais de 115 mil assinaturas válidas.
A 28 de novembro de 2015 foi criada pela Câmara Municipal de Coimbra a Sala Eduardo Lourenço, na Casa da Escrita, destinada a albergar cerca de 3000 livros do intelectual.
Tomou posse a 7 de Abril de 2016 como Conselheiro de Estado, designado pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.