O Movimento em Defesa do Rio Mondego (MUNDA); a Associação Ambiente em Zonas Uraníferas (AZU); o Núcleo de Viseu da Olho Vivo – Associação para a Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos; o núcleo de Viseu da Quercus; a Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela (ASE); promovem uma “Concentração”, dia 24 de Setembro, pelas 16h00, junto à estrada que passa em cima da Barragem da Aguieira.
Segundo os organizadores trata-se de uma “iniciativa com a qual pretendem assinalar o Dia Mundial dos Rios, criado pela ONU, no sentido de relembrar o valor incomensurável dos rios, promovendo a sua preservação”.
“Queremos também chamar a atenção para a situação de degradação da Bacia Hidrográfica do Rio Mondego, bem como apelar para os Órgãos de Soberania e para a opinião pública com o objectivo de se encarar a questão estratégica da defesa e promoção dos nossos rios e, em particular, da Bacia Hidrográfica do Rio Mondego, no contexto das alterações climáticas”, adiantam em comunicado.
Mostrando-se, “sobremaneira”, preocupados com o que classificam como agressões à boa qualidade da água dos rios e linhas de água da Bacia Hidrográfica do Rio Mondego, com implicações na saúde humana e na fauna e flora adjacentes, o MUNDA acusa a existência de descargas ilegais em algumas zonas industriais para o Rio Mondego e em alguns dos seus afluentes, como os rios Dão e Seia.
“A destruição das galerias ripícolas com a consequente perda de biodiversidade; a silvicultura intensiva e outras ocupações indevidas; a destruição de acessos, como caminhos públicos para a prática da pesca e da actividade balnear e de lazer”, frisam.
“Defendemos uma gestão integrada e sustentável da Bacia Hidrográfica do Rio Mondego, que confira autonomia de gestão e financeira à Região Hidrográfica hoje excessivamente centralizada pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente. Consideramos nefasta a gestão privada das Barragens, circunstância sujeita à obtenção de grandes lucros, como acontece com a Barragem da Aguieira, lembrando que, segundo o relatório encomendado à Ordem dos Engenheiros sobre as cheias do Rio Mondego, em Janeiro de 2016, que inundaram Coimbra, elas poderiam ter sido evitadas ou minimizadas se, no caso, a EDP tivesse cumprido as normas de exploração da albufeira da Barragem da Aguieira, conforme, aliás, foi denunciado por autarquias locais e pela Direcção Regional de Cultura do Centro”, realçam ainda os organizadores.
O MUNDA considera a gestão privada da água dos rios “incompatível com a urgência climática que assola o mundo e coloca o nosso País em sério risco de desertificação e de escassez dramática dos recursos hídricos”.
“Como já se viu em 2017, com o transporte diário de água, em dezenas de camiões cisterna de corporações de bombeiros e de particulares, contratados pelos Municípios de Viseu e Mangualde, com água oriunda das barragens da Aguieira, Trancoso e Balsemão, para abastecer a Barragem de Fagilde (Rio Dão) que abastece de água potável os concelhos de Viseu, Mangualde, Nelas e Penalva do Castelo, cujos níveis de água atingiram mínimos históricos”, sublinham.
“É, pois, urgente pugnar pela manutenção da Água no domínio público! É estratégico definir soluções sustentáveis e adequadas a cada Região e Bacia Hidrográfica para despoluir, segurar, gerir e aproveitar as águas dos rios e evitar que estas corram “tranquilamente” para o mar, enquanto se sucedem as secas e a falta de água doce e potável.
O MUNDA vai ainda realizar, no próximo dia 28 de Outubro, um encontro-debate em Penacova, pelas 15h00, com o apoio da Câmara de Penacova, com o objectivo de construir convergências e posicionamentos de todos quantos se preocupam com a água, os rios e, mais concretamente, com os graves problemas que afectam a Bacia Hidrográfica do Rio Mondego.