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“Nós Provincianos – o Padre, o Professor e o Médico” nova exposição em Arganil

Inaugurou no passado sábado, incluído na programação da 40ª FICABEIRA e Feira do Mont’Alto 2023, a exposição coletiva “Nós Provincianos – o Padre, o Professor e o Médico”. Acolhe as obras o espaço nobre da Cerâmica Arganilense, mas também o Átrio de Exposições Guilherme Filipe nos Paços do Concelho, num total de 100 trabalhos dos artistas Monsenhor Nunes Pereira, António Ventura e José Augusto Coimbra (ZAUG).

Mário Vitória, artista plástico natural do concelho, que recentemente expôs as suas obras no mesmo espaço, fez a abertura, seguindo-se-lhe as intervenções de Cidália Santos, responsável pelo acervo de Monsenhor Nunes Pereira na Oficina-Museu Nunes Pereira do Seminário Maior de Coimbra; de Ana Ventura, umas das filhas de António Ventura, de José Augusto Coimbra (ZAUG), um dos artistas com trabalhos expostos e, de Luís Paulo Costa, presidente da Câmara de Arganil que deu por fim o mote para a visita à tão aguardada exibição.

“Dos autores, apenas um se encontra entre nós, José Augusto Coimbra ou ZAUG, nome que adotou na sua vertente artística e que separam o artista do médico”, refere em nota a autarquia de Arganil.

Embora afirme que o seu ofício não é pintar foi este o caminho que defrontou para se perfazer enquanto homem, para se aperfeiçoar a si próprio. Mas, ainda assim, dizer-se que esta é uma segunda ocupação corre o risco de se tornar redutor à imponência das obras que se nos apresentam diante dos olhos. Não aprendeu porque como em tempos disse, ensinar pintura é absurdo, mas aprender por si próprio já não o é. Uma caraterística que de resto e, à parte do mesmo sangue que lhes corre nas veias, é partilhada pelos três, o autodidatismo.

A seu lado, representados pela vasta obra que deixaram, estão duas gerações diferentes da sua e entre si: Monsenhor Nunes Pereira e professor António Ventura. O primeiro, padre-artista na Diocese de Coimbra, foi um multifacetado artista plástico com trabalhos de desenho, pintura, gravuras em metal e madeira, monotipia, trabalhos em ferro forjado, mosaico e vitral.

O segundo, professor, que marcou com a sua habilidade de passar para o papel aquilo que existia à sua volta, crianças e adultos, nas entidades por onde passou. Com inúmeras obras espalhadas pelo concelho, apenas a sua forma física desapareceu, a sua arte não o deixará nunca ausentar-se por completo, caminha entre nós através delas, até mesmo nas singelas folhas arrancadas de um caderno de escola, que em poucos segundos se transformaram às suas mãos e traço, para sempre.

“Nós Provincianos” foi o título escolhido para identificar esta exposição, pois assim se identificam e distinguem, padre, professor e médico. Vindos da província e com ela no corpo, nas mãos, no espírito e no coração, carregam orgulhosamente o que ela realmente é e o que ela dizem ser, pois a maior das pobrezas será sempre a de alma.

Esta exposição está a partir de agora e até ao dia 5 de novembro patente no piso 1 do Multiusos da Cerâmica Arganilense, para visitar de segunda a sexta entre as 9h e as 17h e aos sábados, entre as 14h30 e as 17h30. Sobre esta temática vai também realizar-se um colóquio, cujos detalhes serão divulgadas em breve.