O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos no âmbito do Dia Mundial da Saúde, efeméride que se assinala a 7 de abril, sob o lema “Construir um mundo mais justo e saudável” defende equidade e acesso mais justo à saúde.
“É premente corrigir as desigualdades no acesso aos cuidados de saúde na região Centro e as assimetrias entre litoral e o interior do nosso País. Necessitamos, por outro lado, de programas de prevenção em Saúde, para prevenir doenças graves, tais como a obesidade, a diabetes, as doenças cérebro-cardiovasculares, o cancro. Temos ainda um longo caminho a percorrer num modelo de sociedade mais saudável”, afirma Carlos Cortes.
Este ano, alerta Carlos Cortes, há uma outra gritante desigualdade que poderá comprometer este desiderato da Organização Mundial da Saúde (OMS): as desigualdades no acesso às vacinas contra a COVID-19.
“Poderemos estar perante uma patologia silenciosa que pode condicionar a nossa vida num futuro próximo. Neste caso, estamos ainda muito longe de contribuir para uma sociedade mais justa”, salienta. “As vacinas estão a construir um mapa-mundo de profundas desigualdades de oportunidades e de prevenção desta doença. Falta-nos solidariedade e entreajuda entre Estados neste capítulo, e essa deveria ser uma prioridade na agenda internacional”, acrescenta.
“Os países mais desenvolvidos vacinam uma pessoa por segundo, em média, enquanto alguns mais pobres e desprotegidos não estão a receber qualquer dose da vacina. Estamos perante uma resposta desigual e muito injusta. O êxito na luta a esta pandemia passa por um esforço conjunto”, sublinha o presidente da SRCOM.
O tema escolhido pela OMS é especialmente pertinente num ano tão complexo como o que temos vivido até aqui desde a declaração da pandemia COVID-19. “Este vírus, espalhado à escala global, evidenciou muitas desigualdades na prestação de cuidados de saúde, como é o caso da região Centro, na dicotomia entre litoral e o interior, com o desinvestimento nas unidades e recursos humanos de Saúde nas zonas mais periféricas e do interior do País. Deste ponto de vista, não estamos a contribuir para um mundo mais justo”, expressa Carlos Cortes.
“Temos ainda de ter em conta os fatores comportamentais e ambientais, tais como o tabagismo, a desnutrição e alimentação desadequada, a ansiedade, o stress, a poluição”. Importantes são também, a seu ver, a “necessidade de prevenção e promoção de hábitos saudáveis” e “a correção das desigualdades nos fatores exteriores que condicionam a vida individual e coletiva, tais como a habitação, o trabalho, a pobreza, a poluição”. Todos estes fatores, sublinha, influenciam o estado de saúde individual e de toda a comunidade. “Construir um mundo mais justo e saudável’ é ainda um objetivo de todos os dias e de cada uma de nós”, conclui.