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Ordem dos Médicos do Centro enaltece ato de coragem dos médicos que assinam as declarações de responsabilidade

Carlos Cortes

O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, enaltece a capacidade dos médicos em salvaguardar os cuidados de saúde à população mesmo enfrentando a penúria na resposta às necessidades dos doentes, adianta em nota a SRCOM.

“É que as condições dos cuidados de saúde nos hospitais e centros de saúde da região Centro continuam a motivar o envio de declarações de responsabilidade para a Ordem dos Médicos, como forma de alerta para os graves problemas que o Serviço Nacional de Saúde tem atravessado e que, nesta altura, têm tido maior impacto público”, frisa.

“Contabilizadas as declarações de responsabilidade, desde 2018 até ao dia de hoje, a Ordem dos Médicos do Centro recebeu 902 declarações de responsabilidade, 90 por cento das quais provenientes de médicos no âmbito do serviço de urgência, sendo a Medicina Interna a especialidade médica com maior expressão”, revela.

De acordo com os dados disponibilizados pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM), este ano foram recebidas 233 declarações de responsabilidade, 94% das quais de médicos no serviço de urgência.

“Desvalorizar estas declarações de responsabilidade é uma irresponsabilidade” critica,pois “estamos perante uma realidade desoladora das urgências nos hospitais da região Centro”.

Afirma o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, que vem alertando para a escassez de recursos daquelas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS): “Estas declarações são alertas, não podemos omitir a coragem de quem continua a cuidar e a tratar dos doentes apesar de todas as dificuldades que são reportadas nesses documentos”.

“Não recebemos apenas (e já é muito grave) queixas dos especialistas em Ginecologia/Obstetrícia. São de um conjunto vasto de médicos especialistas. Os relatos são de quem está em sofrimento ético e frequentemente em exaustão. Apelamos a uma intervenção do Ministério da Saúde para fazer face à penúria de recursos, quer humanos, quer técnicos quer de equipamentos”.

Acrescenta: “Na Saúde, ou noutras áreas de atividade, defender o silêncio nunca é a melhor forma de melhorar e desenvolver o País. Os médicos têm de continuar a contribuir e relatar as dificuldades que testemunham. Desvalorizar as declarações de responsabilidade, um meio de expressão cívico e de liberdade, é desvalorizar também o SNS e o esforço que todos desenvolvem para valorizar.”

Para Carlos Cortes, o mais importante são os atos dos médicos que, perante tantas dificuldades e problemas, continuam a fazer jus à sua nobre missão e a garantir que os doentes recebem os cuidados de saúde de que necessitam.