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Organizações de gestão de fundos comunitários do interior da região Centro querem ser envolvidas no Plano de Recuperação Económica

No âmbito do período de discussão púbica do documento “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2030”, elaborado por António Costa e Silva para o Governo, os GAL AD ELO, ADIBER, ADICES, Coimbra Mais Futuro, Dueceira, Pinhais do Zêzere e Terras de Sicó, afirmam a “importância que as abordagens territoriais de proximidade devem assumir no contexto das medidas e apoios a disponibilizar para os territórios rurais e regiões que apresentam índices de maior vulnerabilidade”, referem em comunicado.

“Deixando uma nota positiva e de esperança face a várias propostas incluídas no documento, nomeadamente a centralidade atribuída a conceitos como o da economia circular, redes colaborativas e da inovação, os GAL consideram fundamental que a arquitetura das intervenções tenham em consideração o modelo que determine a forma como os cidadãos e as comunidades locais serão envolvidos e participarão deste grande desafio que enfrentamos coletivamente”, adiantam as associações.

Estas organizações entendem que “existem áreas que carecem de aprofundamento na sua reflexão, nomeadamente ao nível de algumas ‘dicotomias simplistas: litoral vs interior; norte vs sul; áreas urbanas vs áreas ruraisque limitam as soluções e os níveis de coesão que se pretendem alcançar para uma sociedade mais justa e mais sustentável, manifestando apreensão em relação ao desenho e gestão do pacote de fundos que se encontra anunciado e à forma como os mesmos vão chegar (ou não) aos territórios que apresentam especificidades económicas e sociais que devem ser abordadas de forma distinta, respondendo mais eficazmente às suas necessidades e problemas”.

Acrescentando que “torna-se essencial a criação de mecanismos que contribuam para a valorização do potencial e dos ativos específicos dos territórios rurais, tornando-os mais atrativos e competitivos, alicerçado na proximidade das intervenções, aplicando o princípio da subsidiariedade e reforçando a confiança nas capacidades instaladas nestes territórios, que visam transformar esse potencial em qualidade de vida para as populações”.

O envolvimento das comunidades locais, organizadas em parcerias de que os GAL são “exemplo experimentado e reconhecido, na definição e implementação das estratégias e na aplicação dos recursos alocados, traduz-se na sua co-responsabilização nestes processos e numa maior motivação e empenho para o seu sucesso”, frisam.

Por outro lado, a “simplificação e a agilização dos procedimentos de acesso às ajudas públicas disponibilizadas tem de se constituir uma prioridade, sob pena de impedir que os micro e pequenos beneficiários acedam aos apoios pela maior dificuldade que sentem em cumprir com as exigências dos programas e das medidas”.

A promoção da inovação e a transferência do conhecimento produzido pelas Instituições científicas para o tecido empresarial dos territórios rurais, “sobretudo para as micro e pequenas empresas, constitui outra preocupação dos GAL, sendo importante estabelecer ecossistemas sub-regionais favoráveis à incorporação de conhecimento nas empresas e que permitam sinalizar as suas necessidades de inovação e conhecimento”.

A importância da inovação social num contexto das alterações demográficas que Portugal vive na atualidade, “muito mais presente em territórios rurais marcados pelo envelhecimento da população e pelo despovoamento e a implementação de respostas criativas e inovadoras que ajudem a ultrapassar estes desafios, merecem ser consideradas neste contexto em que a pandemia provocada pelo COVID-19 veio colocar a descoberto um conjunto de fragilidades destas populações”, sublinham.

Os GAL destacam a “importância da Animação Territorial que deve ser assumida como ferramenta de transformação e alavancagem dos territórios e dos agentes locais se visualizada nas suas componentes de capacitação, formação e de estímulo e fomento das dinâmicas muito ligadas ao associativismo de base local”.

A concluir, os GAL entendem que a “proximidade nos processos de definição e implementação das Estratégias e da aplicação dos recursos disponíveis, através da valorização das estruturas já existentes nos territórios, em que estas são Organizações experimentadas e com reconhecida experiência, deve constituir-se como um veículo facilitador do processo de recuperação económica e social de Portugal e de promoção da tão desejada e urgente coesão territorial”.