CentroTV

Pedro Abrunhosa só em palavras no aniversário da Biblioteca de Mortágua

O conhecido autor, cantor e compositor Pedro Abrunhosa foi o convidado de honra do 12º aniversário da Biblioteca Municipal de Mortágua, no passado dia 27.

Antes da sessão registaram-se vários momentos literários e musicais, como a leitura de um excerto de Tomás da Fonseca (autor mortaguense) e um concerto com o grupo Horpetium, formado por alunos da Escola Superior de Música de Lisboa: Miguel Pais (trompete); Pedro Frazão (eufónio); Filipa Salazar (trompa).

Seguiu-se a sessão “Palavreando com Pedro Abrunhosa”, que constituiu uma conversa informal e descontraída à volta da música e literatura, das canções e dos livros, dois universos que se fundem em Pedro Abrunhosa.

A sala foi pequena para todos quantos quiseram ouvir e dialogar com o conhecido autor e compositor portuense. Para além de ser um dos sonantes intérpretes da música portuguesa, autor de grandes sucessos como “Se eu fosse um dia o teu olhar”, “Para os braços da minha mãe”, “Tudo o que eu te dou”, “Quem me leva os meus fantasmas’, “Toma conta de mim”, entre tantas outras músicas, Pedro Abrunhosa é também apreciado pelas letras que escreve, pela poesia das palavras, pelas histórias que conta, nas suas canções.

O presidente da Câmara Municipal, Júlio Norte, afirmou que se estava perante um autor e compositor que tem admiradores em várias gerações, em todas as idades, jovens e adultos, como se podia comprovar pela plateia ali presente, bem como pelo público que assiste aos seus concertos.

Além das suas qualidades de intérprete e de músico, destacou a intervenção cívica de Pedro Abrunhosa, na defesa de causas politicas, sociais e humanas.

Pedro Abrunhosa definiu-se como um “escritor de canções” e afirmou: “não sou nem quero ser um grande cantor. Eu quero ser muito mais um escritor de canções que canta as suas próprias canções”, fazendo questão de sublinhar que é autor de todas as letras e músicas das suas canções. Para Pedro Abrunhosa a música é como “um abraço invisível”, que faz que queiramos ouvir mais.

Segundo o autor e compositor, vivemos tempos conturbados em que precisamos de ter tempo para o “silêncio interior, para a auscultação para dentro, para o silêncio da contemplação”. Um tempo marcado pela violência a vários níveis, o desrespeito por direitos básicos da pessoa humana, as injustiças, mas também pela “poluição” informativa, pela oferta de produtos culturais com uma padronização muito baixa.

E afirmou que “é preciso discernir o que é excelente, sublime, belo e mágico, daquilo que é baixo, vil, mau, torpe e degradante, e sem qualquer princípio moral, ético, social”.

Pedro Abrunhosa lembrou que a língua é a primeira forma de musicalidade que aprendemos e que a Língua Portuguesa possui uma musicalidade única.

Para Pedro Abrunhosa a música é um adjetivo e não um substantivo: “ Nós ouvimos os pássaros de manhã e isso é música, nós ouvimos alguém dizer que nos ama e isso é música”. Ao que acrescentou: “A poesia quando é dita também é música, assim como um momento de silêncio também pode ser música”.

Referiu ainda que não faz música por razões comerciais ou para agradar a quem quer que seja, mas faz a música que gosta de fazer, procurando ser honesto consigo mesmo.

Quanto aos temas e às mensagens subjacentes a alguns das suas canções, como “Quem me leva os meus fantasmas” (alusão aos sem abrigo da cidade do Porto), “Para os braços da minha mãe” (sobre a emigração dos jovens portugueses), afirmou que esse é um dever e uma responsabilidade que tem enquanto cidadão. “Ser cidadão não é só votar e pagar os impostos, é também participar, ir à luta, para depois se poder exigir”, disse.