Metade dos portugueses inquiridos no novo Eurobarómetro sobre “Conhecimento e atitudes dos cidadãos europeus em relação à ciência e à tecnologia” considerou “muito positivo” o impacto da ciência e da tecnologia na sociedade.
O mesmo estudo revela que a literacia científica dos portugueses aumentou de 20%, em 2005, para 58%, em 2021, ultrapassando a média europeia. Portugal lidera agora o grupo de países com maior interesse em temas de ciência e tecnologia.
Em 2010 apenas 14% dos inquiridos demonstrou interesse nestas matérias, um número muito diferente dos 62% que respondeu afirmativamente em 2021. Quase 30 pontos percentuais separam o nosso país da média europeia, que se situa nos 33%. Quase metade dos inquiridos (49%) afirmou que a influência da ciência e da tecnologia na sociedade é “muito positiva”.
A visita a centros de ciência também disparou desde 2005, passando de 6% em 2005 para 59% em 2021. Portugal ocupa o segundo lugar no gráfico de visitas regulares a estes espaços, só ultrapassado pela Estónia. A existência de uma Rede Nacional de Centros Ciência Viva contribui para os resultados.
Fundada em 1996 pelo então ministro da Ciência José Mariano Gago, a Ciência Viva celebra este ano 25 anos de intensa atividade na promoção da cultura científica.
Para Rosalia Vargas, presidente da Agência, os resultados deste Eurobarómetro “são francamente bons para o nosso país e animadores para a Ciência Viva, que tem trabalhado intensamente na promoção da cultura científica e tecnológica na sociedade, sobretudo entre as camadas mais jovens e sempre em estreita articulação com a comunidade científica”.
“Durante muitos anos estivemos nos últimos lugares da tabela em termos de literacia científica, o que naturalmente nos entristecia. Mas esta é uma corrida de fundo, foram precisos muitos anos de trabalho constante e consistente junto da população, através de grandes campanhas de divulgação científica, nas escolas, com os Clubes Ciência Viva, e através da Rede Nacional de Centros Ciência Viva, que hoje em dia cobre todo o território nacional e vai continuar a crescer. Estes resultados reconhecem o trabalho que vem sendo realizado, sempre em parceria com muitas instituições”, afirma Rosalia Vargas.
“Os resultados alcançados por Portugal neste Eurobarómetro devem-se provavelmente, pelo menos em parte, ao fantástico trabalho realizado pela Ciência Viva nos últimos 25 anos. É uma rede notável e criativa, tanto em Portugal como no mundo, na área da promoção da cultura científica.
A Rede de 21 Centros Ciência Viva e os 237 Clubes Ciência Viva na Escola (serão criados mais 650 até 2025) envolvem jovens e adultos na perceção do valor da ciência nas suas vidas”, refere Per-Edvin Persson, antigo presidente do Centro de Ciência Finlandês Heureka (1991-2013), da Rede Europeia de Centros de Ciência e da Associação Norte Americana de Centros de Ciência. Europeus acreditam que a ciência vai melhorar as suas vidas nos próximos 20 anos
A nível global, o inquérito revela que 9 em cada 10 cidadãos da União Europeia (86%) consideram positiva a influência global da ciência e da tecnologia.
Os europeus têm esperança de que as tecnologias em desenvolvimento tenham um impacto positivo no nosso modo de vida nas próximas duas décadas, nomeadamente, a energia solar (92%), as vacinas e o combate às doenças infeciosas (86%) e a inteligência artificial (61%). Os resultados mostram ainda um grande interesse dos cidadãos pela ciência e tecnologia (82%) e a vontade de aprender mais sobre o assunto em espaços públicos (54%).
Quando inquiridos sobre os domínios da investigação e da inovação que podem fazer a diferença, os europeus mencionam frequentemente a saúde e cuidados médicos e a luta contra as alterações climáticas.
Estes resultados estão alinhados com um interesse crescente nas novas descobertas médicas, que aumentou de 82% para 86% desde 2010. O Eurobarómetro agora publicado é o maior até à data sobre ciência e tecnologia em termos de número de participantes (37 103 inquiridos) e de países abrangidos (38 países, incluindo Estados-Membros da UE, países do alargamento da UE, Estados da EFTA e Reino Unido). Foi realizado entre 13 de abril e 10 de maio deste ano.