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Presidente da Câmara do Porto crítica Governo por causa dos ajuntamentos no Autódromo do Algarve

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira crítica o ajuntamento de 27.500 pessoas no Autódromo do Algarve para verem a Fórmula 1.
“Não me posso calar, nem ser cúmplice”, começa por dizer o autarca nas suas redes sociais.
Lembra que “há pessoas a morrer, muitas a sofrer. Há milhares de profissionais na linha da frente, há meses sem descanso”.
Adiantando que os modelos apontam para “uma sobrecarga do sistema a meio de Novembro, conforme a figura que junto. Há cidades fechadas com dever de “stay at home”. Há empresas encerradas, por dever de prudência, ou porque lhes foi imposta a quarentena”.
Acrescenta: “Há serviços públicos em apuros e à beira da ruptura, pela mesmíssima razão. Acumulam-se as baixas por doença, com um impacto terrível na economia”.
Rui Moreira publicou gráfico que mostra que o dia de sábado foi o que registou maior número de casos de sempre em Portugal
Por tudo isso, “esta imagem é uma falta de respeito para todos os que estão a salvar vidas, nos hospitais e fora deles”, mostrando uma foto em que se vê uma multidão no autódromo sem distanciamento social.
“Mas, o pior e o mais crítico é que muitas das pessoas que ali estão – e muitas sem máscara – vão ser elas próprias a agravar a sobrecarga”, denuncia ainda Rui Moreira.
A Direção Geral de Saúde (DGS) “devia, por isso, ter cuidado. Não deixa mais de 1.500 pessoas estarem num estádio ao ar livre a ver futebol, não permite pequenos eventos organizados com todos os cuidados pelas autarquias, mas deixa que 27.500 pessoas estejam em cima umas das outras a ver F1”.
Na sua opinião “estes paradoxos fazem com que os portugueses percam a confiança nas instituições. Numa altura em que essa confiança é crucial para que todos se sintam motivados e se empenhem. E se a DGS já andava em crise de credibilidade – desde as máscaras, desde ‘o milagre português”, desde a questão do patriotismo estatístico, com a escalada sem controlo dos números e a falta de coordenação na saúde pública – agora, com esta decisão e esta evidência, só ajuda o país a suspeitar que estamos mal entregues e com pouca sorte”.
O autarca do Porto diz que sabe, por experiência própria, que “não é fácil decidir perante o desconhecido. Não questiono o empenho e as boas intenções. Mas não posso calar este sentimento, não posso fingir que concordo”.
“Resta-nos ter bom senso, cumpre-nos a todos, individual e colectivamente, agir com prudência. Entender as fragilidades, conviver com as duvidas e angústias, mas não calar o que nos vai na consciência”, sublinha a concluir.
A organização do Grande Prémio de Fórmula 1 de Portugal vai reforçar o policiamento, este domingo, nas duas bancadas do Autódromo Internacional do Algarve, onde, na tarde deste sábado, espetadores desrespeitaram as indicações e não mantiveram o distanciamento imposto. Quem não seguir as regras estabelecidos será expulso do recinto.

Paulo Pinheiro, administrador do Automóvel Internacional do Algarve, confirmou ao JN que as bancadas “Portimão” e “Portimão 2, onde, na tarde deste sábado, se registaram ajuntamentos de espetadores além do permitido, terão domingo um assinalável reforço de policiamento e uma atitude intransigente.

“Quem não cumprir o que está assinalado nas bancadas e sair do seu lugar vai imediatamente para a rua”, assegurou o responsável ao JN, a propósito das imagens registadas hoje durante parte da prova.

Paulo Pinheiro salienta que “o autódromo tem 11 bancadas e em nove correu tudo bem e nas outras duas mal”. Reforça, por isso, o apelo aos espetadores que ocuparão os mesmos lugares para que cumpram o estabelecido, nomeadamente que não saltem linhas, nem saiam dos lugares marcados.