Bob Dylan, laureado com o Prémio Nobel da Literatura 2016, “além de ser a ‘alma’ da sua geração, é um excelente escritor e músico que se reinventa constantemente, desafiando o tempo. É um justo vencedor do Nobel”, afirma Stephen Wilson, professor da Universidade de Coimbra (UC), que há cerca de duas décadas estuda e ensina a obra de Dylan no âmbito do mestrado em Estudos de Cultura, Literatura e Línguas Modernas, Área de Especialização – Estudos Ingleses e Americanos, ministrado na Faculdade de Letras (FLUC).
Para o especialista em Estudos Americanos, esta distinção “desafia todos aqueles que defendem que há a alta cultura e a cultura de massas. Eu entendo que há uma só cultura que se expressa de formas diferentes”.
Quanto aos críticos da escolha da Academia Sueca, Stephen Wilson considera que “ainda bem que há controvérsia. É muito positivo que a obra de Dylan promova a discussão porque a cultura fica a ganhar. Eu discordo completamente das críticas que têm surgido porque o facto de ser músico não significa que Bob Dylan não seja um bom poeta e escritor. Ele é seguramente um excelente escritor e a mensagem transmitida nas letras das suas canções percorre o mundo”.
É certo que “Dylan desafia as convenções da literatura”, mas, prossegue o docente, “a ideia de que a literatura se materializa num livro já não faz muito sentido no mundo contemporâneo. Este Nobel mostra que o popular pode ser sério e bom. É muito interessante que o Prémio Nobel tenha sido atribuído a um escritor de canções”.
A centralidade que a música e o cinema assumem na Cultura Americana do Século XX e a sua evolução, separadamente ou em conjunto, são as principais temáticas do curso de mestrado lecionado por Stephen Wilson, onde são exploradas as obras de Martin Scorsese e de Bob Dylan, entre outras.
Do ponto de vista pedagógico, a obra do Prémio Nobel da Literatura 2016 “é muito rica, transcende a literatura tradicional. Dylan lançou tendências e tem um impressionante sentido reformador da cultura “popular”, ou de massas. A mensagem das suas canções é muito forte e por isso abre muitas possibilidades de estudo”, conclui o docente do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da FLUC.