Pode a produção de amêndoa ser sustentável? A resposta é positiva e está a ser trabalhada pelo projeto Transfarmers, uma rede ibérica de comunidades, que inclui agricultores, agentes turísticos, cooperativas, chefs e residentes interessados em boas práticas de produção, em particular no amendoal.
É um projeto coordenado pelo CoLAB Food4Sustainability, laboratório colaborativo na área da sustentabilidade agrícola, com sede em Idanha-a-Nova, e pela AlVelAl, associação espanhola de paisagem regenerativa, sendo apoiado pelo programa Erasmus+ dado o seu cariz inovador.
Na última reunião do grupo de trabalho, a 26 de outubro, mais de 40 participantes visitaram o concelho e várias explorações de Idanha-a-Nova, no espírito do intercâmbio entre regiões agrícolas portuguesas e espanholas.
Armindo Jacinto, presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, lembra que “o nosso trabalho enquanto Bio-Região é consciencializar e sensibilizar os produtores para a adoção de práticas sustentáveis”.
Com efeito, Idanha é o concelho com maior proporção de área em modo de produção biológico em Portugal.
Por isso, empresários, produtores, investigadores e até chefes de cozinha portugueses e espanhóis participam neste projeto que liga Idanha à região de Almeria (Espanha), duas regiões de referência na produção de amêndoa. Em implementação estão práticas para a regeneração de solos, uso eficiente da água, alternativas naturais aos produtos químicos, a proteção da biodiversidade e dos recursos naturais.
Em Espanha, a rede trabalhada no âmbito do Transfarmers gere mais de 24 mil hectares de amendoal biológico com práticas regenerativas, amigas do ambiente.
Ao mesmo tempo, a Câmara de Idanha-a-Nova pretende que além da produção também a transformação aconteça no concelho, gerando valor acrescentado e emprego. É algo que em breve será realidade no sector dos frutos secos, com a criação de uma fábrica de descasque e secagem de amêndoa, um investimento privado do grupo Veracruz.
O projeto Transfarmers e o trabalho desenvolvido pelo CoLAB serão importantes neste contexto. Apoiar os produtores no desenvolvimento de soluções de sustentabilidade ambiental e económica, testar projetos-piloto e plantar as sementes de uma agricultura mais ecológica e sustentável são objetivos que estão a ser materializados no terreno.
Com quase três dezenas de colaboradores, o CoLAB Food4Sustainability coordena atualmente um Polo de Inovação Digital, que é composto por 28 parceiros, com vista a acelerar a transição digital no setor agroalimentar. Esse Polo recebeu em 2022 o selo de excelência da Comissão Europeia, um garante da qualidade e inovação que está a acontecer a partir de Idanha-a-Nova.