O Santuário de Fátima teve o ano passado receitas de 24,42 milhões de euros e despesas de 21,84 milhões de euros, alcançando assim um lucro de 2,58 milhões de euros, segundo números provisórios ontem divulgados.
Em 2024, o acolhimento de peregrinos no Santuário de Fátima voltou a fixar-se acima dos seis milhões, refere o Santuário. Foram 6,2 milhões os fiéis que participaram em pelo menos uma celebração, critério em que assenta o registo anual de peregrinos. Os dados estatísticos foram apresentados ao final da tarde desta quinta-feira, no 46.º Encontro de Hoteleiros, que reuniu no Centro Pastoral de Paulo VI os responsáveis de casas religiosas que acolhem peregrinos em Fátima.
O número de fiéis que estiveram no Santuário em 2024 revela um decréscimo face aos 6,8 milhões registados no ano anterior. “Porém, o ano de 2023 não pode ser analisado sem o efeito da Jornada Mundial da Juventude e da visita do Papa Francisco a Fátima. No período de 24 de julho a 10 de agosto do ano passado, esteve na Cova da Iria mais de um milhão de fiéis. Extraindo das estatísticas de 2023 o impacto desses momentos significativos, constata-se que, em 2024, o Santuário registou, não uma redução, mas sim um aumento no número de peregrinos”, salienta.
Em 2024, os postos de informações atenderam mais 13,6% de peregrinos do que em 2023, num total de 415 902 pessoas.
O número de celebrações também aumentou, em 2024. Realizaram-se no Santuário 10 813 celebrações, mais 1 256 do que em 2023. O maior crescimento verifica-se nas celebrações particulares: de 4 939, em 2023, passámos a 6 184, em 2024.
“Analisando os grupos de peregrinos organizados, ou seja, os que se inscreveram em serviços do Santuário, constata-se que, em 2024, deslocaram-se a Fátima 5 231. Este número representa um aumento de 9,5% face a 2023”, realça ainda o Santuário.
Dos grupos inscritos, verifica-se ainda que o Santuário acolhe mais peregrinações organizadas provenientes do estrangeiro do que de Portugal: 1 213 foram portuguesas; 4 018 de outros países.
Contudo, os grupos nacionais continuam a ser mais numerosos: trouxeram, em 2024, 435 609 peregrinos. Os grupos estrangeiros trouxeram 174 891. “É fácil perceber esta diferença, se pensarmos que uma peregrinação de uma diocese pode incluir 500 peregrinos”, frisa.
Entre os grupos de peregrinos que viajaram do estrangeiro para Fátima, “contabilizámos 88 países. Este indicador desceu em relação a 2023, ano em que o Santuário acolheu peregrinos de 94 países. Mais uma vez, verifica-se aqui o efeito JMJ”.
O número de países em 2024 permanece superior a 2022 e a 2019, que registaram 76 e 82 países respetivamente.
Europa, América e Ásia foram os continentes mais representados no ano de 2024. 54% dos grupos de peregrinos foram europeus. Vieram sobretudo, e por esta ordem, de Espanha, Polónia e Itália. Registou-se uma inversão entre o 2.º e o 3.º lugares.
Do continente americano chegaram 27% dos grupos organizados. Estados Unidos é o país que encabeça a lista. Seguem-se o Brasil e o México. Esta ordem permanece inalterada face ao ano passado.
A Ásia surge como o terceiro continente. Representam 17% e os grupos com mais pessoas foram oriundos das Filipinas, Coreia do Sul e Índia, país que retirou o Vietname do terceiro lugar que ocupava no ano anterior. Em 2024, foi 4.º no contexto da Ásia.
“Fazendo uma análise mais recuada no tempo, indo até 2010, verificamos que o Santuário recebeu, pela primeira vez em 2024, grupos organizados de três países: Bahrein, Belize e Montenegro”, sublinha.
Relativamente aos grupos portugueses, as dioceses com maior representatividade são: Lisboa com 319 peregrinações que trouxeram a Fátima 23 069 peregrinos; Porto com 190 peregrinações e 22 229 peregrinos; e Braga: com 124 peregrinações e 28 909 peregrinos.
Outro dado relevante das estatísticas é o momento do ano que os grupos escolhem para vir a Fátima.
No caso dos portugueses, “verificamos que maio, outubro e junho são, por esta ordem, os meses de maior afluência de grupos. Setembro, porém, destaca-se pelo número de peregrinos – 221 083 – dado para o qual concorre fortemente a Bênção dos Capacetes que tem vindo a mobilizar cada vez mais motociclistas”.
Já entre os grupos estrangeiros, os meses de outubro, setembro e maio, surgem, por esta ordem, como preferenciais.
Ao longo do ano, os registos fotográficos das multidões foram deixando antever o que os serviços do Santuário confirmam, agora que o ano é posto em análise. O que os peregrinos mais gostam de fazer em Fátima é, por esta ordem, participar nas missas oficiais do Santuário e no Rosário seguido da Procissão das Velas.
A par das celebrações oficiais, um “conjunto significativo de celebrações particulares encontra igualmente lugar no Santuário”.
Em 2024, celebraram-se 37 matrimónios, 162 batismos e 565 bodas matrimoniais: 288 de prata, 240 de ouro e 37 de diamante.
Muitos são os que também se deslocam a Fátima pela vertente cultural. A casa dos santos Francisco e Jacinta Marto foi o espaço museológico que registou maior procura, com 411 006 visitantes.
Seguiu-se a Casa da Lúcia, com 229 669 visitantes, número que surpreende uma vez que o espaço esteve encerrado entre 1 de janeiro e 4 de julho, para obras de reabilitação. O Museu do Santuário e as duas exposições temporárias que puderam ser visitadas no ano de 2024 registaram, em conjunto, 283 845 visitantes.
O ano de 2024 foi o segundo de funcionamento do Centro de Escuta Lúcia de Jesus, situado no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade.
O número de atendimentos confirma a necessidade e pertinência deste serviço. Foram atendidas 1903 pessoas (1.358 mulheres, 545 homens). A faixa etária predominante foi a dos 45-60 anos.