A Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Centro dinamizou, esta sexta-feira, a sessão “Sobreviventes de Cancro”, na Subunidade 3 – Pólo Ciências Saúde – FMUC –, em Coimbra.
A mesa-redonda realizou-se no âmbito das comemorações dos 20 anos do CIMAGO – Centro de Investigação em Meio Ambiente, Genética e Oncobiologia, e contou com a visão multidisciplinar dos seus intervenientes e a moderação pelo presidente da Direção Regional do Centro da LPCC, Vítor Rodrigues, e pelo jornalista Lino Vinhal, refere a Liga em nota.
Na Europa existem cerca de 12 milhões de sobreviventes de cancro, dos quais 300 mil são sobreviventes de cancro na infância. Estima-se que até 2040 este número registe um aumento entre 30 a 40%. Adicionalmente, pelo menos 40 ºpr dos sobreviventes de cancro revelam problemas psicológicos significativos que muitas vezes acompanham e pioram as condições físicas. Estes foram apenas alguns dos dados apresentados por Jorge Espírito Santo que deu início à mesa-redonda, apoiado pela sua experiência de vida enquanto chefe de carreira hospitalar e, também ele, sobrevivente de cancro.
O médico oncologista destacou que a taxa de sobrevivência em doentes com cancro “tem vindo a aumentar”, no entanto, há, também, “um aumento da incidência de cancro”.
Seguiu-se a abordagem de Carla Barbosa, da Unidade de Apoio Jurídica da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que se focou na “Reintegração do sobrevivente de cancro no mercado de Trabalho”, dando nota das dificuldades com que estas pessoas se deparam e da necessidade de viabilizar o regresso progressivo e prever subsídios que permitam colmatar a perda de rendimento por redução de horário de trabalho.
“(O Interior da) Saúde” foi o mote inicial para a intervenção do presidente da Câmara da Pampilhosa da Serra, Jorge Alves Custódio, que, não deixando de enaltecer a beleza do seu concelho, sublinhou as dificuldades diárias dos sobreviventes de cancro que vivem no Interior para ter acesso aos cuidados de saúde e frisou, ainda, que “no âmbito da Saúde, as ações dos Municípios ultrapassam as competências efetivas delegadas”. A inexistência de uma Rede de Transportes coletivos, compatível com horários dos hospitais foi uma das várias dificuldades apresentadas: “A rede de transportes existentes atualmente chega a Coimbra (vinda da Pampilhosa) às 11h00 e regressa às 15h00. Não são horários compatíveis com tratamentos nos hospitais. Há muitas pessoas que acabam por desistir porque o desgaste e o cansaço das viagens desmotivam-nas”, sublinhou.
Por fim, a terminar a mesa-redonda e antecedendo o momento de discussão aberto ao público, foi a vez de Marta Temido elucidar sobre o estatuto de cuidador informal, abordando os aspetos que vão desde o conceito à operacionalização. A ex-ministra da Saúde, atualmente deputada à Assembleia da República, deu nota que já este ano foi aprovada nova lei na Assembleia da República que alarga este estatuto a pessoas que não tenham laços familiares com a pessoa cuidada, no entanto, “ainda existe um longo caminho a percorrer”.