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Teresa Alegre Portugal apresenta na Lousã o novo livro do jornalista Casimiro Simões

O novo livro do jornalista Casimiro Simões, especialmente dedicado a dois ilustres cidadãos que lutaram pelo derrube da ditadura, Louzã Henriques e António Arnaut, falecidos em 2019 e 2018, respetivamente, vai ser apresentado na Lousã, no dia 26 de outubro.

“Pessoas, Pensamentos e Palavras”, título que o autor, ironicamente, abrevia para PPP, vai ser apresentado por Teresa Alegre Portugal, no próximo sábado, às 15:00, durante um programa cultural na Filarmónica Lousanense, no dia em que o jornalista da Agência Lusa assinala também o seu 60º aniversário.

Nascido em 26 de outubro de 1959, no Casal dos Rios, concelho da Lousã, Casimiro Simões está a completar igualmente 30 anos ao serviço da Lusa na Região Centro.

Teresa Portugal, que foi deputada do PS e vereadora da Cultura na Câmara de Coimbra, usa da palavra numa sessão em que intervêm ainda o autor e o bibliotecário Carlos Marta Ferreira, de Miranda do Corvo, seu antigo companheiro no Liceu da Lousã.

A iniciativa compreende um momento musical com Manuel Rocha e Luís Garção Nunes, membros da Brigada Victor Jara, além de João Queirós e Ramiro Simões.

Com esta PPP, que inclui 70 textos, entre crónicas, contos, sátiras, outras ficções e ainda um poema alusivo aos 45 anos do 25 de Abril, o antigo diretor do jornal Trevim evoca dezenas de figuras, públicas e menos conhecidas, maioritariamente ligadas a Coimbra, Lousã, Penela, Miranda do Corvo e Castanheira de Pera, além de prestar tributo à Companhia Marimbondo, da Lousã, com um conto hilariante, intitulado “O circo, o sapateiro e o burro”.

As personagens centrais da coletânea são o advogado e escritor António Arnaut, oriundo de Penela, que esteve na fundação do PS em 1973 e que há 40 anos foi o principal obreiro do Serviço Nacional de Saúde, e o médico e etnólogo Manuel Louzã Henriques, que morreu em 29 de julho passado.

Natural da Serra da Lousã, tendo raízes nos vizinhos concelhos de Lousã e Castanheira de Pera, Louzã Henriques foi o impulsionador do Museu Etnográfico da Lousã, que tem o seu nome. Residia em Coimbra desde a juventude e era militante do PCP desde 1958.

Contudo, Casimiro Simões rende homenagem a um conjunto mais vasto e diversificado de pessoas, como o ensaiador de ranchos João Arranca, os jornalistas João Mesquita, antigo presidente do Sindicato dos Jornalistas, e Américo Mascarenhas Estrelinha, o sindicalista Kalidás Barreto, um dos fundadores da CGTP, em 1970, o antigo delegado do INATEL em Coimbra João Fernandes, o bancário Fernando Velez, o eurodeputado do PS Fausto Correia, o antigo diretor do jornal Mirante Augusto Paulo, de Miranda do Corvo, os advogados Alberto Vilaça e Luís Carlos Silva, que foi presidente do Ateneu de Coimbra, o catedrático de Direito Orlando de Carvalho e o cantor José Afonso.

Amigo do autor de “Grândola, Vila Morena”, que teria feito 90 anos em 2 de agosto último, José Mário Branco, com o poema “Mudar de vida”, associa-se à iniciativa editorial de Casimiro Simões de distinguir, entre outros, dois companheiros do compositor na luta antifascista.

O músico conheceu Louzã Henriques e o arquiteto Carlos de Almeida há mais de 50 anos, quando os três estavam presos por atividades contra o regime de Salazar.

São ainda recordados, alguns a título póstumo, os tocadores de concertina e gaita-de-beiços Manuel Serra e Joaquim Henriques Amante, o estivador Adriano Nunes, o sapateiro Juvenal Pinto, os luso-brasileiros Ti Zé Joana, padre Miguel Lencastre, António César Fernandes, Miguel dos Pregos e os sobrinhos deste empresário, Nelson e Teresinha, o antigo emigrante nos Estados Unidos Américo Carapinha, o antifascista Manuel Ramalho Gantes (que morreu no passado domingo, na Vidigueira, aos 93 anos), a professora Palmira Sales e seu irmão, o carteiro e músico José Adelino, além dos pais e dois irmãos mais velhos do jornalista: Joaquim e Maria da Conceição, José Augusto e Augusto Simões.

Na juventude, Manuel Gantes, Miguel Lencastre e José Mário Branco viveram na República dos Kágados, a mais antiga casa comunitária de estudantes de Coimbra, onde também Casimiro morou nos anos 80 do século XX, enquanto aluno da Faculdade de Direito.

A este propósito, o livro abrange histórias com o docente universitário José Luís Câmara Alves e outros kágados, designadamente José Lestra (advogado), Custódio Pinto Montes (juiz-conselheiro jubilado), Manuel Gaspar (professor), Carlos Santarém (ex-diretor da Biblioteca Municipal de Coimbra), Lusitano dos Santos (urbanista e catedrático jubilado da Universidade de Coimbra), José Maria Cruz Santos (professor e antigo comandante dos Bombeiros Sapadores da cidade), Humberto Rocha (médico) e José Lages (jurista), personagens reais em diversas prosas.

“Pessoas, Pensamentos e Palavras” é uma seleção de histórias verdadeiras e várias de ficção, entre inéditas ou já editadas em livros e outras publicações, com destaque para os jornais Campeão das Províncias, Diário As Beiras, Notícias de Coimbra, Trevim e o extinto Jornal de Coimbra.

Há também textos sobre política internacional, com os quais Casimiro Simões satiriza, por exemplo, a relação do Reino Unido com Portugal e a União Europeia, a situação no Brasil e nos Estados Unidos da América, com a ascensão de Bolsonaro e Trump ao poder.

Concebida pela jovem artista gráfica Mariana Domingos, da Lousã, a capa conta com contributos na fotografia da grega Georgia Bounia, bem como de Luís Garção Nunes e Fernando Moura.

No sábado, a partir das 14:00, a Companhia Marimbondo e Maria Estátua promovem a animação no exterior da sala de ensaios da Filarmónica Lousanense.

O programa inclui uma breve leitura de textos, por Francisco Paz e Zé Nobre Quaresma, e encerra com um “Beirão de Honra”, com a empresa da família Carranca Redondo a associar-se deste modo à festa cívica e bem-humorada do próximo sábado.