CentroTV

Terra, ar, fogo e água explorados no CEARTE em oficina de Raku

Integrada no curso de “Técnico Especialista em Ofícios de Arte – Cerâmica e Vidro”, decorreu ao longo dos últimos três dias, no Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património (CEARTE), uma oficina de rakú, orientada pelo formador João Pedro Ferreira.

Associada à cerimónia do chá, o raku é uma técnica cerâmica originária do Japão, que surgiu no século XVI. No século passado, em 1920, o ceramista Bernard Leach introduziu esta técnica criativa no Ocidente e, desde então, difundiu-se mundialmente, assumindo novas características, novas peças e diferentes decorações.

Fazer raku é uma técnica associativa, em que todos contribuem para o resultado final e que envolve no processo criativo quatro elementos (Terra, ar, fogo e água), o que torna este método de produção aliciante e singular.

Na oficina que decorreu no CEARTE, com 16 formandos, cada participante modelou e executou várias peças de barro. Seguiu-se a aplicação de diferentes tipos de vidrado com as peças a serem inseridas num forno próprio, a uma temperatura que varia entre os 800 e os 1000 graus.

Atingida esta temperatura, as peças são retiradas do forno ainda incandescentes e colocadas numa atmosfera redutora, ou seja, num ambiente com pouco oxigénio. Na prática, são envolvidas em serradura (é nesta fase que por vezes surge chama). As peças são tapadas e, logo de seguida, mergulhadas em água fria a fim de provocar um choque térmico, o que permite obter efeitos espetaculares nos vidrados.

Esta técnica é hoje uma estratégia criativa utilizada por muitos artistas e mais uma das experiências inovadoras que integram o curso “Técnico Especialista em Ofícios de Arte – Cerâmica e Vidro”; um dos cursos de cariz pós-secundário disponíveis no CEARTE e que têm a duração de 1500 horas.

Este curso de formação – pioneiro no país, à semelhança de outros cursos de especialização tecnológica, assenta numa forte componente científica e tecnológica, com oito meses de formação nas oficinas e laboratórios do CEARTE e três meses de estágio em empresas, museus, centros de restauro e ateliers de cerâmica e vidro.

Para elevar o patamar de qualidade da formação deste tipo de cursos, o CEARTE estabeleceu parcerias com o Instituto Politécnico de Tomar (IPT) e o Departamento de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) e a Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha, que ministram vários módulos teóricos e práticos.

Este tipo de formação concede ainda a equivalência de 25 créditos para as licenciaturas em Conservação e Restauro; História de Arte; e na licenciatura em Design.