Durante três dias, as questões relevantes da União Europeia (UE) foram tema de debate na V Academia Europa, que este ano se realizou na Aldeia de Piódão, no concelho de Arganil.
Esta iniciativa do Europe Direct Região de Coimbra e de Leiria (promovido pela CIM Região de Coimbra), do Núcleo Associativo para os Estudos Europeus em Coimbra (NAPEEC) e da Federação Nacional de Estudos Europeus (FNEE) juntou, na histórica aldeia de xisto, cerca de 50 estudantes universitários, entre os 18 e os 30 anos, provenientes de diversos pontos do país, e um painel de oradores que contou com eurodeputados e especialistas de diferentes áreas.
Na sessão de abertura desta edição, cuja temática é o ano europeu da juventude, o presidente da Câmara Municipal de Arganil e vice-presidente da CIM Região de Coimbra, Luís Paulo Costa, deu as boas-vindas aos participantes, destacando vários aspetos da freguesia de Piódão, e sublinhando que a importância que a Europa tem na nossa vida está patente na aldeia,
“Tenho muitas dúvidas de que, sem a ajuda da UE, o Piódão ainda tivesse pessoas. Vocês vão ter a oportunidade de visitar a aldeia e, aquilo que é hoje o Piódão, uma aldeia já pitoresca com traços arquitetónicos muito marcantes, só chega até hoje no estado em que está porque contou com muitos apoios da União Europeia”, realçou o autarca.
No primeiro dia, teve ainda lugar um focus group, dedicado à perceção da UE por parte dos jovens.
O sábado começou com um painel sobre as implicações sobre um futuro alargamento da UE.
“O debate sobre o alargamento pode ser um bom pretexto para encontrar soluções para repensar os nossos instrumentos de coesão”, destacou o eurodeputado José Gusmão.
Por sua vez, Alice Cunha, professora da Universidade Nova de Lisboa, elencou três problemas que podem levar ao adiamento do alargamento da EU: Complexidade do processo de adesão, os critérios de adesão e o facto do possível alargamento requerer o voto por unanimidade dos estados membros.
“Esta será uma questão que ficará em debate nas próximas duas décadas, mas provavelmente durante esse tempo não será feito nenhum alargamento”, realçou a docente.
Seguiu-se o painel sobre as crises migratórias, tendo sido debatido o que se aprendeu com o fluxo migratório de 2015 e discutiu-se a solidariedade da Europa para a migração, fruto da crise na Ucrânia, sendo unânime que ainda há um longo caminho a percorrer.
No debate sobre a Autonomia da Europa, que contou com o eurodeputado João Albuquerque, abordaram-se questões como a independência/dependência energética da Europa e outros aspetos atuais da economia europeia.
No âmbito do painel sobre a Europa das Des(igualdades), Luísa Proença, diretora adjunta da Polícia Judiciária, apresentou o projeto europeu CERV, programa que protege e promove os direitos humanos, e Inês Simões, do coletivo Feminista Independente, debateu a desigualdade de género em Portugal. As oradoras salientaram que a desigualdade é um dos desafios mais desconcertantes da economia mundial e cabe a todos nós o seu combate e a apelaram à consciência de que a democracia não pode ser dada como garantida.
No final, houve espaço para um workshop dinâmico sobre fake news e desinformação, organizado por Tiago Ferreira Lopes, professor da Universidade Portucalense, que também já tinha participado no painel da Autonomia da Europa.
O último dia da V Academia Europa começou com o painel sobre a Juventude e os desafios de hoje, onde Luís Almeida, vereador da Câmara Municipal de Arganil, falou sobre a importância das medidas de atração e fixação de jovens, nomeadamente no concelho de Arganil.
Por sua vez, os participantes deram a conhecer as dificuldades que têm atualmente a nível da habituação, da saúde e do mercado de trabalho, num país com cada vez mais jovens qualificados.
Seguiu-se uma visita à Aldeia de Piódão, uma aldeia remota que deslumbra com a sua arquitetura,
Na sessão de encerramento, Paula Silvestre, gestora do Europe Direct Região de Coimbra e de Leiria, realçou o papel da UE no dia-a-dia de todos.
“As camadas mais jovens têm um papel cada vez mais importante nesta construção diária da EU e peço-vos que não abdiquem desse papel e que também passem a palavra aos que vos são mais próximos”, destacou.
Luís Marques, da FNEE, descreveu o evento como “uma parceria de sucesso, na qual temos muito gosto em participar”.
Por sua vez, Pedro Valente, representante do Parlamento Europeu em Portugal, desafiou os jovens a fazerem a inscrição na plataforma unidos.eu e sublinhou que “esta iniciativa tem sido um sucesso. Espero que na próxima Academia também possamos contar com os nossos eurodeputados”.
O presidente Luís Paulo Costa conclui a sessão com um agradecimento a todos os participantes e deixou um desafio: “Temos por hábito tomar as coisas como certas, como a liberdade que a democracia nos dá, e criticamos Portugal por estar na EU e na NATO. Por outro lado, vemos países como a Ucrânia, que querem tanto entrar para a UE. Parem para pensar neste paradoxo e para perceber que devemos dar mais valor ao que temos”.
A VI Academia Europa será em Montemor-o-Velho, em novembro de 2023.