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Zero diz que Espanha está a secar os ricos que passam também por Portugal

A associação ambientalista Zero deunciou hoje que Espanha está a secar os rios internacionais portugueses, estando o Douro no topo da lista.

A situação causada pela seca no Tejo e em todos os rios internacionais “deve conduzir os governos de Espanha e de Portugal (…) a alinhar num planeamento e gestão das bacias hidrográficas que estabeleça verdadeiros caudais ecológicos”, refere a Zero, em comunicado, ao fazer um balanço dos caudais dos três principais rios internacionais portugueses: Douro, Tejo e Guadiana.

“De momento, encontram-se em discussão pública os Planos de Gestão de Região Hidrográfica para o período 2022-2027 e esta é a altura certa para uma concertação entre os dois países”, considera.

“Espanha tinha transferido 2.331 hectómetros cúbicos de água desde 01 de outubro de 2021, quando o caudal anual é de 3.500 hectómetros cúbicos, faltando assim cera de 1.169 hectómetros cúbicos, cerca de 33% do total devido”, diz ainda a Zero, e sublinha que “tendo os caudais das últimas semanas variado entre 1,5 e 4,5 hectómetros cúbicos/dia e não se tendo alterado substancialmente a situação meteorológica, é obviamente impossível perfazer o volume de água em falta”.

No Tejo, é também “praticamente certo” que Espanha “vai ter de alegar” o regime de exceção por incumprimento do caudal anual, segundo a organização, uma vez que, em situações de seca, está previsto que Espanha possa não entregar os caudais a Portugal.

O Guadiana esteve 20 dias sem atingir o caudal mínimo diário e 17 por cento, aquém do mínimo anual no início de setembro, com Espanha a invocar situação de exceção para não cumprir os caudais.

“Espanha tem de garantir um valor médio diário de dois metros cúbicos por segundo e desde 1 de outubro de 2021 até 3 de setembro houve 20 dias em que tal não aconteceu. Mais uma vez, apesar da enorme capacidade da albufeira de Alqueva, no longo prazo, uma expansão do regadio pode estar em risco com estas restrições associadas a situações de seca mais frequentes e extremas”, realça a Zero.