Fernando Corrêa dos Santos foi criado na rua Nova do Almada, no Chiado, em Lisboa, onde continua a viver.
“A fotografia surgiu na minha vida porque eu tinha um vizinho que era fotógrafo e notava a vida agitada dele. Achei que era uma vida interessante para mim. Comecei com 13 anos, arranjei emprego no J. C. Alvarez como aprendiz, a lavar fotografias, a varrer o chão, a fazer recados. Quando comecei a fotografar, com 18 anos, andei com um redator de revistas e fiz muitas reportagens. Fui mudando de emprego sempre para melhor”, revela.
Colaborou com todos os jornais diários de Portugal. Ambicionava trabalhar num jornal diário. Quando estava a colaborar com a [revista] Flama, telefonou-me um amigo do Diário Popular, para fazer as férias de Judah Benoliel (que acabou por falecer), e como estavam a gostar do meu trabalho, lá fiquei até ao encerramento do jornal, em 1991.
Depois, começou a colaborar com a TV Guia e com a Flash durante cerca de 30 anos. Desde 2018, colabora com a revista Domingo, do Correio da Manhã, com fotografias antigas. “Defino-me sempre como repórter fotográfico”, frisa.
“As minhas fotografias mais emblemáticas são as da Rainha Isabel II, tiradas na Avenida da Liberdade, em frente ao Parque Mayer, tive sorte, a rainha acenou-me e saiu uma fotografia muito especial! Enviaram-me um telegrama de Inglaterra a dizer que era das fotografias mais bonitas da Rainha”, diz com orgulho.
No dia do incêndio no Chiado [1988], “tive um feeling que havia qualquer coisa, fui à janela, vi faúlhas a passarem, vesti-me e fui para a rua. Conhecendo o local, fui ao Elevador de Santa Justa e fiz algumas fotografias. Fui o primeiro repórter fotográfico a chegar ao fogo nos Armazéns do Chiado”.
“Penso morrer com uma máquina fotográfica na mão e acho que a fotografia da minha vida ainda está por fazer”, diz a concluir.
Joana Pires Américo Simas | CML