A associação ambientalista Quercus disse este domingo que já em 2018 tinha antecipado um cenário de cheias no Baixo Mondego decorrente da deposição de inertes após as obras de desassoreamento da albufeira do açude-ponte em Coimbra.
“A Quercus relembra que esta era um cenário que antecipámos. Lamentavelmente, os alertas de nada serviram e centenas de pessoas vêem as suas casas em risco”, adianta aquela associação.
O “Desassoreamento da Albufeira do Açude-Ponte em Coimbra” promovido pela APA – Agencia Portuguesa do Ambiente e Câmara Municipal de Coimbra “é necessário, devido à má gestão da bacia hidrográfica do rio Mondego e tem como objetivo principal reduzir o risco de cheias na cidade de Coimbra”.
Segundo a Quercus o projeto “previa dragar o rio Mondego, com 3 localizações possíveis para a deposição temporária dos inertes dragados em cerca de 50 hectares, junto da cidade de Coimbra. No entanto, também prévia que os inertes excedentários fossem depositado no leito do rio a jusante do açude-ponte, apesar de existirem estudos que referem que este troço do Mondego está também assoreado. Deste modo, a decisão da APA – Agencia Portuguesa do Ambiente – de permitir a deposição dos inertes no leito do rio no baixo Mondego foi incompreensível”.
Os impactes sobre a fauna fluvial e “nomeadamente sobre os peixes migradores, de que são exemplo o sável, a lampreia-marinha ou a enguia-europeia, não foram devidamente acautelados”, refere a associação.
“O gigantesco aterro que está a ser efetuado no rio Mondego, vai provocar graves problemas em termos de retorno das cheias e assoreamento do rio, com prejuízos para todo o vale do Mondego a jusante de Coimbra, nomeadamente para a produção agrícola e nas localidades ribeirinha”, frisa.
A delegação do Centro da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) “não permitiu à Quercus a consulta da documentação do processo”.
A Quercus pede o “esclarecimento público e a responsabilização pelos prejuízos decorrentes deste projeto”.