No próximo dia 19 de outubro o Teatrão acolhe “À Espera de Beckett ou Quaquaquaqua”.
O espetáculo que homenageia Francisco Ribeiro – o Ribeirinho de “O Pátio das Cantigas” ou “O Pai Tirano” – foi encenado por Jorge Louraço Figueira e leva o público numa viagem pelo tempo, aos três momentos em que o ator, realizador e encenador português tentou levar a palco o texto de Samuel Beckett, “À Espera de Godot”. Esta é uma coprodução Teatro da Trindade/Fundação INATEL, Teatro Constantino Nery/CM de Matosinhos e CM de Viana do Castelo.
Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira da Oficina Municipal do Teatro. 19 de outubro 21h30
No ensaio fala-se de censura e de Salazar. “Chapéus há muitos” e o ponto está perdido no texto. Dez anos depois, 1969, Samuel Beckett está hospedado no hotel Cidadela, em Cascais, enquanto Ribeirinho trabalha na segunda montagem do mais famoso texto do dramaturgo irlandês. De repente, numa carta, Beckett diz que vai assistir ao ensaio. O elenco prepara-se e fica à espera. Voltamos a dar um salto no tempo, o último do espetáculo, até 1973. A trupe de atores está em Angola, a apresentar a peça a soldados e colonos portugueses. Sentem-se as primeiras faíscas de revolução.
Os três momentos são condensados em pouco mais de uma hora, durante a qual se mistura realidade e ficção, a história do país e a imaginação de Jorge Louraço Figueira, o lado erudito do teatro com os tempos áureos da comédia em Portugal. Vemos Ribeirinho, tal como era nos filmes, mas também fora deles, como realizador e encenador.
Também é possível fazer pontes com o momento em que vivemos: “Acompanhamos a relação tensa entre os atores e o ponto, que sussurra ao ouvido dos atores o que devem dizer. Tentei que fosse uma metáfora para o tempo presente, em que nos socorremos de alguns pontos que nos dizem o que devemos pensar, que seguimos e debitamos o que nos sussurram ao ouvido sem pensar”, disse Louraço Figueira em entrevista ao Observador no início deste ano.